Escrever. Há qualquer coisa que nos empurra, que nos guia os sentidos, que nos enleva ou que nos amortece a queda quando escrevemos. Há uma tal ânsia de liberdade, quase que sentimos o vento morno da tarde a roçar-nos a ponta dos cabelos crespos e os braços estendidos em cruz à beira do precipício. E suavemente vamos rebuscando os sentidos e a memória, o tempo na retina dos olhos, a frase que nos ficou lá longe, o momento triste/alegre/exultante e sei lá que mais, o poema rasgado na solidão de uma noite longínqua de mãos cravadas em raiva no travesseiro.
Escrever é quase que apalpar o silêncio que se forma ao nosso redor. É acariciar a memória com ternura e um quê de saudosismo, é envolver o tempo numa auréola de fingimento (já dizia o outro que o poeta é um fingidor...), é temperar a monotonia do ponteiro do relógio com o olhar da moça que nos atravessou pela frente ali ao dobrar a esquina, é tactear o sossego do cair da tarde em acordes dó-ré-mi de um violão que apenas pressentimos.
Quero a liberdade de escrever o tempo e a memória. Assim sem rumo nem caminhos traçados. Sem conómetros sobre meu crânio amputando-me a carícia de um verso inesperado, nem sinos batendo as doze badaladas na igreja desta minha outra freguesia. Vou apenas chamar uma a uma as estórias da minha infância longínqua, trazer até este meu outro mundinho as mãos rugosas dos velhos da minha aldeia, aprisionar na folha em branco os sons e odores que me enfeitam os dias em movimentos enquanto passo pela multidão...
Escrever é quase que apalpar o silêncio que se forma ao nosso redor. É acariciar a memória com ternura e um quê de saudosismo, é envolver o tempo numa auréola de fingimento (já dizia o outro que o poeta é um fingidor...), é temperar a monotonia do ponteiro do relógio com o olhar da moça que nos atravessou pela frente ali ao dobrar a esquina, é tactear o sossego do cair da tarde em acordes dó-ré-mi de um violão que apenas pressentimos.
Quero a liberdade de escrever o tempo e a memória. Assim sem rumo nem caminhos traçados. Sem conómetros sobre meu crânio amputando-me a carícia de um verso inesperado, nem sinos batendo as doze badaladas na igreja desta minha outra freguesia. Vou apenas chamar uma a uma as estórias da minha infância longínqua, trazer até este meu outro mundinho as mãos rugosas dos velhos da minha aldeia, aprisionar na folha em branco os sons e odores que me enfeitam os dias em movimentos enquanto passo pela multidão...
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