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segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Caminhada do mês: Ponta Moreia (Tarrafal)

Definitivamente estas ilhas inspiram-me. Os seus recôndidos quase inexplorados, as suas baías levemente articuladas, as suas gentes, a suave brisa que nos espera ao dobrar a curva, o azul sereno do oceano que nos silencia de ternura e calma contemplação, a praia deserta & inesperada que nos acolhe entre um poema e outro... Sim senhor, estas ilhas inspiram-me!
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Na caminhada deste mês, fomos "descobrir" o concelho de Tarrafal, em Santiago. Da Vila à Ponta Moreia, contornando o Monte Graciosa pela esquerda, passando por encostas ligeiramente escarpadas, belos planaltos esverdeados das últimas chuvas, pequenas praias escondidas na ourela fina da ilha, para terminar no farol do ponto mais a norte de Santiago, seguido duma autêntica "aventura" num Toyota Dina no regresso à Vila. A Célia diz-me que esta caminhada bateu o recorde de participantes. E também creio ter sido a mais "multinacional" de sempre: com crioulos de Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Santiago, Fogo, crioulos da França e crioulos do Senegal, e ainda brasileiros, espanhóis, americanos, ingleses... Valeu, pessoal! Até a próxima...


quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Coisas boas da vida - 2

Esta é espectacular. Não há mau humor que lhe resista:

- "Ouvir a vozita da minha princesinha a dizer-me toda orgulhosa pelo telefone que tirou 20 na primeira prova que fez na escola..."

Ah!, como a vida é bela! Não é pessoal?

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Coisas boas da vida

  1. Nadar na praia de Quebra Canela às 06h da manhã antes de ir ao trabalho…

  2. Assistir ao pôr-do-Sol na Cidade Velha…

  3. Lua cheia na estrada Ribeira Grande / Porto Novo…

  4. Lua cheia na fortaleza da Cidade Velha…

  5. Ouvir Lúcia Cardoso a interpretar “É doce morrer no mar” no leitor do carro esta manhã…

  6. A meiguice da Patrícia, o sorriso da Rea, a simpatia da Lena, os olhos da Aline, a gargalhada do Ilídio, o violão do Calú d´Basila, a ternura da Míria, os poemas da Lili, as anedotas do Ká…

  7. O papo com o Olavo e o Tchindo na varanda da casa no sábado à noite…

  8. Vinho branco de Chã das Caldeiras, grogue de Ribeira da Torre, queijo do Norte, longuiça di Achadinha, pastéis de milho de São Domingos, sucrinha e põn de trança de São Vicente…

  9. Ler poemas do Vinicius em voz alta antes de dormir…

  10. A cachupa guizada do Café Bordalo no Plateau, aos sábados de manhã…

  11. Caminhadas com a galera no interior de Santiago…

  12. Dormir numa tenda na Praia de Tarrafal de Monte Trigo…

  13. Ouvir histórias da Dª Ângela (Dadá), lá em Água de Gato, São Domingos…

  14. Passear na Avenida Marginal em São Vicente com o cheiro do mar nas narinas…

  15. Os licores do Sr. José, na pensão em Fajã d´Água, Brava…

  16. Beber água de côco em Tarrafal de Santiago…

  17. Fotografar rostos da ilha…


    Querem continuar?


    (“Azul” – foto de Paulino Dias)

sábado, 13 de outubro de 2007

Ranking de blogs


Uma surpresa, a posição deste meu cantinho intimista no ranking dos blogs: 44ª posição a nível da África Lusófona, e 9ª a nível de Cabo Verde...

Não sei qual o critério que utilizam, mas de qualquer forma, um muito obrigado a todos vocês, por me permitirem partilhar convosco estas minhas intimidades, em jeito de catarse.

Inté (amanhã é dia de relax na praia de São Francisco...)



("Relax" - foto de Paulino Dias)

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Eu, divagações...


1

Endoidece,
esta lua cheia no teu rosto.

E em mim.


2

Tudo estava perfeito:
o verde, a música,
a velha cassete de poemas no toca-fitas do carro,
a tarde e o teu sorriso…

Faz-me feliz o teu sorriso doce.


3

Passeia-me no rosto a brisa nocturna da marginal.
O cheiro é de mar. E poesia.

Penso em ti. Inesperadamente.
Acompanho ao longe as luzes de um navio
que está de partida.
Lembra-me a minha alma, o navio:
também de partida – sempre sempre! –
à tua procura…

Penso em ti.
Com o mar da Laginha nos meus tornozelos.

Penso em ti.
Como um poema…


4

Sabe-me bem
o café depois do jantar.

Toca-se “A mi jam cria ser poeta”
no pequeno palco do restaurante.
Fecho os olhos à procura de sinais no teu rosto.

Bem-me-quer,
mal-me-quer,
bem-me-quer,
mal-me-quer…

Penso em ti.


5

10h e 32 minutos
de um sábado qualquer na ilha.

Mal-me-quer,
mal-me-quer.

Penso em ti.

Mesmo depois da ressaca
e do silêncio que se fez de repente.

“De repente, não mais do que de repente”
- dizia-me o Vinicius no outro lado da mesinha de cabeceira –

Escrevo meu último poema
entre o verde e o aroma de café que sobe da cozinha…


6
Chiça!,
Já não queria
pensar em ti...


(Foto de Nana Sousa Dias)

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

DEPOIMENTO



“Chamo-me Paulino Dias. Nasci em Fajã Domingas Bentas, Ribeira da torre, um dos belos vales da ilha de Santo Antão, no seio de uma família bem estruturada, mas humilde. Meu pai era Pedreiro nas FAIMO, minha mãe, analfabeta, sempre teve como única (e fundamental) tarefa, cuidar da casa e dos meninos.
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Estudei o então Ciclo Primário nas escolas de Marrador e de Fajã Domingas Bentas, e em 1986 concluía com êxito o 2º Ano do Ciclo Preparatório (actual 6ª Classe), o nível máximo a que se poderia chegar na altura em Santo Antão, dada a inexistência de Liceus na ilha. Excelente aluno, vi-me contudo numa encruzilhada: ou ia para São Vicente continuar os estudos, ou teria que parar ali no meu 2º Ano e seguir as pisadas do meu pai no lombo da enxada, nesta secular luta dos homens da ilha que teimam em arrancar da terra pedaços de pão feito milagre. Mas estudar em São Vicente custava dinheiro...
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Foi então que outras pessoas fizeram ESCOLHAS em relação a mim, tomaram decisões certas, na hora certa, escolheram estender-me as mãos, cada um à sua maneira, escolhas essas que mudariam radicalmente o rumo da minha vida – para melhor – a partir de então. Desde Nhá Adélia lá na Rua 9 em Ribeira Bote, em cuja casa ficara hospedado, passando pelos meus irmãos mais velhos, o Tio Frank, a Professora Ricardina e tantos outros, até o ICASE e o Governo, de quem recebi bolsas de estudo primeiro em São Vicente, depois para a formação superior no Brasil.
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Hoje, com 31 anos de idade, tenho pendurado na minha sala um diploma de Licenciatura e outro de Pós-Graduação, sigo uma carreira profissional sólida numa das maiores empresas do país (Administrador da IFH), sou Professor de Ensino Superior. Meu horizonte agora é diferente, muito maior e mais vasto do que a vida teria me reservado se eu tivesse ficado ali parado apenas com o meu certificado de ciclo preparatório, sem conseguir realizar o meu sonho de menino que era (e continua a ser) aprender, aprender e aprender. Hoje me considero imensamente feliz, porque vou conseguindo realizar aquele meu sonho.
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Não tenho dúvidas de que grande parte desta mudança de perspectivas deveu-se às pessoas que ESCOLHERAM ajudar-me, no momento certo. Às pessoas que tomaram a decisão de estender as mãos ao meu sonho de menino, acariciando-o e alimentando-o com ternura esses anos todos. Não os posso agradecer, porque por mais que lhes dirigissem palavras bonitas ou gestos de nobreza, nunca seriam suficientes para retribuir a mudança que operaram no meu horizonte de menino da ilha. Não senhor, nenhuma palavra seria suficiente...
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Não os posso agradecer. Mas posso lhes copiar o gesto. Posso – também eu! – FAZER ESCOLHAS, tomar decisões, estender as mãos aos sonhos de outros meninos como eu fui outrora. Posso ESCOLHER pagar uma rodada de cerveja à malta na Sexta-feira à noite para comprar seu respeito e admiração, ou posso oferecer um almoço àquela senhora idosa que vem todos os Sábados de manhã arrastar pelas ruas do Plateau seu corpo carcomido de velhice e miséria. Posso ESCOLHER comprar mais uma camisa de marca para enriquecer meu guarda-roupa e minha vaidade ou posso oferecer aquela t-shirt de Homem-Aranha ao puto que me estende as mãos pedindo alguns tostões ali na porta do escritório, só para lhe ver o sorriso. Posso ESCOLHER olhar para o lado e fingir que tudo ao redor é um mar de rosas, ou assumir que podemos ajudar – mesmo com pouco – a construir um mundo melhor à nossa volta.
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A vida é feita de escolhas. E do fruto que colhemos das escolhas que fazemos. Eu fiz uma escolha, para copiar o gesto às tais pessoas que fizeram as escolhas certas na hora certa, mudando para melhor a minha vida. Escolhi também dar a minha modesta contribuição para que os sonhos de outros meninos possam se realizar, para que outros horizontes possam se abrir para eles, para que também amanhã possam pendurar diplomas pelas paredes e quem sabe sejam chamados de Sr. Doutor. Desde Agosto de 2006, sou Padrinho do Anderson, um puto de 13 anos da Aldeia SOS de Ribeirão Chiqueiro. Não me custa nada. É apenas um pequeno gesto. E a satisfação de saber que fiz a ESCOLHA CORRECTA.
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Faça também a sua ESCOLHA. Ajude a concretizar sonhos. Ajude a mudar vidas. Ajude a abrir outros horizontes. Claro que podes ESCOLHER deixar para amanhã aquele telefonema à Aldeia SOS para apadrinhar uma criança, podes deixar para a Segunda-feira da semana que vem quando terás mais tempo para tratar disso, podes ESCOLHER esperar até que o miúdo da porta do escritório se afogue na droga e na bebida, e a velha esfarrapada das ruas do Plateau exale o último suspiro (“coitada, era uma velhinha tão simpática...”). A ESCOLHA é sua.
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Faça a ESCOLHA CORRECTA. Agora.
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Paulino Dias,
Padrinho da Aldeia Infantil SOS de Ribeirão Chiqueiro.”
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P.S. – para contactar a Aldeia SOS: +238 2647379


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segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Santiago ê bunitoooo!!!!

Aí, pessoal, algumas fotos da última caminhada dos "Caminheiros Sem Fronteiras", no passado domingo. De São Domingos a Jaracunda (perto de Pedra Badejo), passando por Mendes Faleiro, Ribeirão Cal, Barragem de Poilão e Ribeira Seca. Caramba!, esta ilha está muito bonita, pá! Verde verde verde, até a medula dos ossos...
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Descubrem Santiago, pessoal, descubrem-na! Vão ver que é muito mais do que esta imagem de lixo, black-out, falta de água, etc., que nos enfiam goela baixo...