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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Gestos...

E porque estamos em Junho, mês das crianças, deixo-vos aqui este gesto, com fome de palavras. Quem mas dará, as palavras?

(E era Junho nas veredas de Fajã e arredores quando cantávamos - depois do exame - Viva quel vin! Viva! Viva quel bôl! Viva! Ô li, ô lá, raposa ca ta entrá! Lembras-te, Gilson? Mamãe à nossa espera na soleira da porta com um balaio de mangas maduras que o meu irmão Rufino fora buscar em Pedregal... E agora que minha filha me diz que terminaram as aulas, dá-me ganas de bradar - ondê os exames da minha infância, ahn?)


("Um gesto de amor nas ruas de Roterdam" - foto de PD)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Novo blog no pedaço...

Pessoal,

Mais um novo cantinho na blogosfera crioula. Dessa vez, para se falar de gestão (que não deixa de ser uma outra forma de poesia... eh eh eh). Divulguem, precisamos gerar uma dinâmica de debates, comentários e sugestões, para que o blog seja útil.

Em breve teremos outras rúbricas. Estamos a "negociar" com outros co-autores, o Contabilista/bloguista Afonso e o licenciado em Administração/bloguista, Tide, que incluirão análises económicas e financeiras de empresas, conversas com gestores e líderes, o que rola lá fora no mundo da gestão, etc.

www.pordentrodasorganizacoes.blogspot.com

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Folha caída

Foi-se hoje um grande homem. Não daqueles que despoletam manchetes nos jornais, reportagem na TV, luto nacional, repórteres em polvorosa. Quanto mais, um pequeno anúncio 4x7 num jornal qualquer e um aviso no Agenda de Informações. Mas um grande homem, todavia.

Foi-se-me hoje um daqueles homens destas ilhas que, qual paciente artesão, ajudou a construir, pedra a pedra, pilar a pilar - ainda nos meus tempos de estudante em São Vicente - este edifício que me tornei. Assim que me passar a comoção, Tio Frank, poderei lhe dizer então um MUITO OBRIGADO por tudo.

Que a terra lhe seja leve, Francisco André da Cruz!


("Pilar" foto de PD)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Foi-me dito que...


Sobre este post, escreve-me assim o leitor Venâncio:

"Interessante, as sombras são todas iguais. Não são brancas, amarelas ou vermelhas. Somos uma única cor. O que diferencia uma sombra da outra é o tamanho e os objectos que cada um carrega, grandeza do espírito. A humanidade precisa de alguma maneira encontrar a sua sombra."

Dá que pensar, não dá?

Muito obrigado, Venâncio, por esta inquietação...

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terça-feira, 22 de junho de 2010

Como se conta...


("Tempo para amar" - fotografia de PD, inspirado nesta história...)

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Indignação!

Antes que me acusem de estar a ser muito "má-criado" nesta reentrée, permitam-me mandar mais uma grandesíssima PORRA!!!!!, para esta notícia...

E mais não digo!


("Indignação" - foto de PD)

Luz! Luz! Luz!!

Escrevo hoje à luz de velas. E por conta das mentes que nos inventaram a bateria de computador, felizmente. Estou em crer até que estes se inspiraram numa tal empresa de electricidade de um tal país chamado Cabo Verde. Honra e glória a esses moços, portanto!

À luz de velas, dizia. E de madrugada. Já não suporto o calor infernal. Do tecto, a ventoínha - parada - me encara até com um quê de pena. Escancaro a janela para que me entre um tintinho assim de vento. Em vez disso, fumo do barulhento gerador do prédio defronte. Chiça! Entre o calor, a não-luz, o fumo e o barulho, decido escrever para exorcizar o nome de Pai-Filho-Espírito Santo-Amén. Que
, neste preciso momento, dá-me ganas de praticar o 4º pecado até a exaustão...

São com certeza românticos os moços da Electra: têm um prazer quase carnal para com a vela. Jantar à luz de velas. Escrever (poemas e outras merdas) à luz de velas. Ler à luz de velas. Cagar à luz de velas. Dormir à luz de velas. Acordar à luz de velas. F... à luz de velas. Porra!, por este andar já nem vou pedir ao meu velho que me mande como encomenda um gruguim de Sintanton para secar o suor neste Verão. Antes velas. Muitas velas. Caixas de velas. De purgueira, que está na moda. É isso. Arranquem as canas e plantem purgueira. Encham-me as encostas da ilha toda de Jatropha Curcas. Diz-me o instinto que se ganha dinheiro com certeza nos próximos meses vendendo velas...

Ah!, tivesse eu o faro de um Napumoceno da Silva Araújo que também importaria uns 10 contentores de leques e abanadores para fazer dinheiro neste Verão. Da China, para ser mais barato e democratizar o ventinho fresco. Nada de elitismo neste negócio. Afinal, "tud cristõn, tud cimbron, tem direito a se gota d´ar...". Pressinto coisas num futuro próximo. Cidade sem luz, calor infernal, matraca de geradores, suor escorrendo, fome de vento, oli lééééque!, ventoíiiiinha!, bonito e "balaaaaato", Pressinto coisas...

Entretanto abro o jornal por ler, da semana passada. Nos classificados um anúncio: "Caro consumidor, mantenha as suas contas de luz em dia para evitar cortes de luz e dissabores (...)". Assim, belo como um poema. Enternecedor, diria até. Emocionante.

E eu, porra!, que hoje não tenho luz, que anúncio devo colocar nos jornais para a Electra??! Aceito sugestões...


("Luz & Forma" - foto de PD)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sombras na minha Cidade

As palavras. Ainda as palavras. Melhor: a ausência delas. Nem é letargia, sequer posso lamentar falta de tempo por esses dias, menos ainda motivos e rostos por quem e para quem se escreve. Nada disso. A ausência apenas. A folha vazia - outrora angústia no ecrã em branco, hoje uma calma contemplação do deixar andar. Deixar-se estar na cadência agora lenta das horas. Sem pressas. Tranquilamente. Sossegadamente.

Não as procuro, as palavras. Em vez disso, contemplo-as. Em silêncio. Enquanto na rua sob a minha janela passeiam sombras. Reais, essas sombras que por mim passam, caramba! Dá até para lhes sentir o gesto, a textura, o mundo à cabeça e as contas por pagar. E - vejam só! - arrastam pelos pés os corpos erectos como quem carrega um fardo! Triste sina a dessas sombras que têm que carregar o Homem pelas ruas da cidade... Enquanto este basofia pelas esquinas sua herança de Adão e Eva!

E agora, porra!, esta angústia de não saber ainda onde me deixou a minha sombra...


("Sombras pela rua" - foto de PD, algures sob um prédio em Palmarejo)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Uma foto sem palavras

Porque ainda me saem enferrujadas as palavras, meu caro Venâncio, deixo-te aqui um post em silêncio...

("Silêncio" - foto de PD)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Relax na tchon d´Holanda....

Queria tanto um poema para este olhar mortiço, esta quasi-candura no passo lento que em mim tropeça numa esquina de Roterdam... Queria tanto - meu Deus! - um simples verso para enquadrar o momento... Quem mo dará - caramba! - este poema por que tanto espero?
("Relax na tchon d´Holanda" - Foto de PD)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O chamado de Dona Canô

Chamou-me ontem a Dona Canô, ali na areia de Gamboa. Chamou-me, sim senhor, a Dona Canô - e como um menino ergui os braços lá bem no alto e gritei para que todos ouvissem: oli´m!

Chamou-me a Dona Canô pela voz da Daniela Mercury - Ah!, Daniela dos meus sonhos ao desembarcar ainda adolescente ali no Rio anos atrás, com amores de Romeu e Julieta ainda na minha mala de poeta!

Dona Canô chamou,

Eu vou

Dona Canô chamou
Eu já me vou, Dona Canô!



(Aqui deste lado, Daniela, a Dona Canô que me chama traz uma certa vivência crioula no olhar, e responde pelos nomes de Silva de Junzim de Pólina, Nhá Mari Ricarda, Dinha Arcângela, Didita, Nhá Dadá lá de Água Gato, mulheres destas ilhas em construção...).

Dona Silva chamou,
Eu vou
Dona Silva chamou

Eu já me vou, ó Dona Silva!



(Foto magistral do Eneias Rodrigues...)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Três notas avulsas em jeito de batidas à porta

NOTA 1. São para ti estas palavras, naturalmente. Desarrumadas talvez, despretensiosas sempre, intimistas se calhar, vigorosas quando necessário, mas leves como um beijo ao entardecer. São para ti - e por ti - estas palavras que aqui deixo. Falar-te-ei por vezes de coisas simples: os rumores de Quebra Canela às 6h da manhã para espantar o tempo, algum sorriso entre a multidão que me ficou colado à retina, um verso assim de repente, gentes da ilha, coisas minhas. Vez ou outra partilharei contigo um porra, merda, puta-que-pariu - sem pejo! - assim em jeito de desabafo. Divagarei outras vezes: como um moço doido, dirás certamente. Mas serão sempre para ti estas palavras. Sempre!

NOTA 2. Hoje, para te celebrar, irei fartar-me de poesia até não poder mais. Porque é Terça-feira (podia ser Segunda ou Sexta, se calhar até Domingo - mas é Terça-feira, caramba! Que mal há nisso?!). Porque descobri o poeta - não sob as luzes das manchetes, dos prémios Camões ou das lambeduras entristecidas mas na estante do Olavo ali em Terra Branca, no meio de palavras jogadas ao vento numa noite de Sábado. Haverá poesia hoje à tarde, portanto. Com peixe seco assado e um gruguim de sintanton, naturalmente...

NOTA 3. E assim, parafraseando o grande Nelson Gonçalves, dá-me ganas de bradar nesta hora:

"Blogmania,
aqui me tens de regresso
e suplicando te peço
a minha nova inscrição.

(...)
Ele voltou
o bloguémio voltou novamente (...)"