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terça-feira, 11 de outubro de 2011

"Kel li e ka um róstu, kel la e ka um kanhôtu" - De Zé Cunha

Um belíssimo poema do Zé Cunha, a acompanhar o rosto de Totona lá de Marrador. Obrigado, Zé!!!


Kel li e ka um róstu, kel la e ka um kanhôtu

Todo o rosto é um palco de palavras
que o tempo se encarrega de (d)escrever.
A cada rosto sua estação de consolo,
sala de cinema onde a vida projeta
a preto&branco o filme que fomos sendo.
Cada rosto um sacrário de excessos e abstinências,
espelho de prazeres e castigos, angústias e alegrias,
tábua íntima das mais furtivas matérias.
Cada rosto um rio a escrever-se rumo à foz do pranto,
rápido ou tranquilo, em alta queda ou lago plano,
água doce da fonte que o mar salgará nos teus olhos.
Rosto secreto que a luz povoa e molda,
silabário que fere de solidão o verbo,
voz que percute a pedra inscrita (skribida),
sábias mãos de oleiro que na face húmida
do barro compôs o primeiro alfabeto.
Argila, papiro, pergaminho, papel … bytes!
Na tua pele Totóna, a terra inteira in-escrita.

Poema de Zé Cunha.


("Totóna" - foto de PD)
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