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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ainda sobre a "marca Cabo Verde"

Pela importância da matéria e pela necessidade de ser muito bem discutida, publico aqui um comentário (com pequenas adaptações) que escrevi no blog Café Margoso:

"Confesso que resisti bastante a tecer qualquer comentário sobre este assunto. Primeiro, por uma questão de ética profissional (estive bastante envolvido na elaboração do Plano Estratégico do Turismo) e segundo porque desde o início discordei da forma escolhida para se construir a "marca" Cabo Verde - já vou explicar porquê - e não queria ser, por isso, mal interpretado.

Mas o meu dever de cidadão está a falar mais alto. Para dizer que também eu não me identifiquei - enquanto caboverdeano - com este logotipo. E o alerta feito pelo Ivan Santos torna o assunto ainda mais delicado...

Não se trata de uma questão de estética - que nesta área confesso a minha ignorância quase total. Mas estamos a falar de marketing. De construir uma marca que deve(ria) espelhar e reflectir um conjunto de valores, atitudes e atributos facilmente perceptíveis para o observador, e que claramente diferencia o objecto que representa (Cabo Verde) dos demais. Que o identifica, que o torna único, que diga de imediato qual o seu conteúdo, qual a sua "promessa". Uma marca é uma promessa que se faz. A "marca" é, portanto, algo muito mais profundo do que apenas o seu significado estético.

Dito isto, o que me evoca este logotipo? Vamos imaginar que alguém desembarca de Marte e de imediato é-lhe apresentado este logo. O que irá pensar? É um atelier de pintura? Jardim infantil? Marca de tinta concorrente da SITA?? Ou uma extensão do Algarve turístico???

Sobre a semelhança com o logo do Algarve Turístico. Isso é gravíssimo quando falamos de algo tão importante como a marca de um Cabo Verde turístico: em vez de uma marca que nos diferencia em relação aos concorrentes, criamos uma que nos faz parecer... semelhantes! Daqui a pouco algum inglês ou alemão vai estar a pensar que Cabo Verde é uma extensão do Algarve... Uma ironia da história, agora que celebramos 35 anos de independência!

Não concordei com a forma como a criação da marca decorreu (com todo o respeito que tenho naturalmente pelas pessoas que se esforçaram e participaram, e deram o seu contributo). Primeiro, porque a criação de uma marca - seja de um país, de uma empresa ou de um grogue de Sintanton... - é tão importante que requer conhecimentos técnicos especializados (não apenas de design/arquitectura mas também de marketing, comunicação, psicologia, sociologia, antropologia). Requer um conjunto de ferramentas analíticas (para se perceber as expectativas do público que se quer atingir e a forma como este se relaciona com o tempo e o espaço, bem como as estratégias dos concorrentes), requer pensamento estratégico e capacidade criativa, requer visão holística e universal. Penso, mais uma vez com todo o respeito, que é difícil encontrar todas essas qualidades em apenas um concorrente. É por isso que hoje existem empresas especializadas em design e marketing e em criação de identidades corporativas! Pela importância do assunto, seria mais recomendável que se lançasse então um concurso para escolha de uma empresa especializada no assunto!

Em segundo lugar, o concurso era limitado, se não estou em erro, apenas a cidadãos nacionais. E aqui um "vício de origem": o criador da marca é diferente do potencial/futuro consumidor da mesma - e não creio que tenha havido um estudo prévio para identificar as expectativas deste consumidor (ou, se houve, será que foi distribuído aos concorrentes?). Dito de outra forma - o criador muitas vezes transpõe para a criação a sua própria expectativa, as suas próprias necessidades, as suas próprias percepções da realidade existente/desejada. Mas na criação de uma marca, o objectivo é o contrário - visa transpôr para a marca uma percepção de atributos que se promete para satisfazer as expectativas do outro, do consumidor (que neste caso é o turista).

É urgente criarmos por aqui uma cultura de descer mais ao fundo na formulação de soluções para este país. Menos superficialidade, por favor. Os erros nesta área costumam ser muito custosos e difíceis de reparar!!!"

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20 comentários:

Anónimo disse...

Espremendo o seu comentário não há de facto susbtância. Deve ser defeito profissional. Que há de errado com a marca. As ilhas estão lá. As cores atribuídas a cada ilha dá para mil e uma reflexão. Por favor seja preciso no que pode estar de errado com a marca.

Paulino Dias disse...

Caro Anónimo,

Muito obrigado pela sua visita! O meu comentário expressa, naturalmente, a minha opinião pessoal – enquanto cidadão. Sendo um assunto que irá ter um impacto no futuro da indústria turística e consequentemente no ritmo e direcção do desenvolvimento de Cabo Verde e, portanto, na vida de cada um de nós, é direito (e dever!) de todos contribuir para que as soluções encontradas são as mais adequadas. Eu faço a minha parte com toda a frontalidade e respeito pela opinião do outro, numa perspectiva de crítica construtiva, sem a necessidade de me esconder atrás de pseudónimos ou “anónimos”. Mas pronto, cada um escolhe a sua forma de se manifestar…

Dito isso, vou te responder e ser mais preciso. Os pontos que insisto em levantar são: 1) o processo de concepção da “marca Cabo Verde” não foi o mais adequado; 2) não vejo evidências de consistência/coerência entre a marca, a visão do Governo para o sector e o plano de marketing; e 3) não vejo evidências de que a concepção da marca tenha partido de, e se destina à, satisfação das expectativas do público-alvo. Detalhando:
1. Sobre o processo, creio já ter esclarecido no post a minha posição sobre o assunto, pelo que não vou repetir;
2. Sobre a necessidade de coerência/consistência entre instrumentos de política: i) a visão do Governo para o sector, expressa (e aprovada) no plano estratégico (PEDTCV) é “Queremos ter um turismo sustentável e de alto valor acrescentado, que contribua efectivamente para melhorar a qualidade de vida dos caboverdeanos, sem pôr em risco os recursos para a sobrevivência das gerações futuras” – assim, o PEDTCV deveria definir as orientações para o plano de marketing (PM) e este deveria guiar e estabelecer os parâmetros para a criação da marca; não vou opinar se o PM está consistente com o PEDTCV porque não o conheço; mas não consigo descortinar nenhuma relação entre o logo e esta visão, quando esta visão deveria reflectir-se obviamente nele. Aliás, leia aqui o regulamento do concurso (http://observatoriodoturismocv.org/pagina.php?id=81) – tenho dificuldades em ver uma relação entre estes atributos que se querem “vender” (ponto 2 do regulamento), a visão do PEDTCV, e a marca vencedora… ii) note que a concepção da marca deveria ser uma parte do PM, como um dos “P´s” do marketing-mix; no entanto, a marca é concebida em simultâneo com o PM e por duas entidades independentes – que duvido terem tido algum contacto de coordenação na fase de concepção. Ou seja, primeiro cria-se a marca, e depois elabora-se/aprova-se o plano de marketing… isso não lembraria ao Diabo!
3. Sobre este ponto, não vejo evidências de que tenha havido uma análise prévia das expectativas do público-alvo (os turistas e potenciais turistas) para a concepção do logo e não consigo ver correspondência entre o logo e estas expectativas. Entretanto, se alguém tiver informações/argumentos para me convencerem ao contrário, terei toda a abertura para os analisar.
Aqui permita-me reiterar que a perspectiva que estou a analisar não é a beleza ou não do logo (aliás, a minha esposa costuma dizer-me que eu sou de um mau gosto estético de dar pena…rs), nem tampouco o mérito ou demérito do vencedor. Até sou um pouco daltónico – a propósito, como é que os daltónicos vão-se desenrascar para perceber a marca???. O que estou a criticar, repito, é a forma como se concebeu uma marca que vai nos representar a todos, e a consistência entre os vários instrumentos de política para a gestão de um sector tão estratégico como o turismo.

Um abraço, volte sempre!
Paulino

Hedy Cardoso disse...

Paulino. Mto bom o teu blog. Parabens pela iniciativa. Quanto à Marca Cabo Verde... cada dia sinto mais frustrado e decepcionado, não por nao ter ganho, mas sim como cabo-verdiano envergonhado com a Marca que representará o meu país. Quanto ao comentario do "anonimo" eu estou a preparar um post especial com detalhes técnicos sobre o que vejo de errado na marca, convido-te e convido o "anonimo" a visitarem meu blog. http://designcaboverde.blogspot.com.
abraço

Amílcar Tavares disse...

Olá Paulino,

Li e gostei do comentário. De facto, estamos ambos de acordo nisto.

Um abraço.

Anónimo disse...

Paulino, gostei do teu comentário mas, afinal, reparo que acabas por votar na tua proposta favorita num outro blog. Portanto, contradizes tudo o que escreveste.

Não é para publicar este comentário. Queria só dizer que fiquei desiludido. Pensei que a coisa ia mais a fundo e não se tratava apenas de preferências pessoais.

Abraço

Anónimo disse...

Acho que o hedy cardoso tá mais é com dor de cotovelo por não ter ganho.

Sejamos honestos, o logo vencedor tá mais bonito que o teu hedy!

Seja um bom perdedor sff

Paulino Dias disse...

Olá Anónimo das 16h26,

Lamento ter de publicar o teu comentário apesar do teu pedido, mas queria te esclarecer o meu ponto de vista e não tinha como o fazer a não ser aqui, espero que leias a mensagem.

Em primeiro lugar, dizer que o comentário no Café Margoso e depois a sua publicação aqui como post foi feito muito antes de conhecer o blog do Hedy e as outras propostas - isso pode ser verificado pelas horas das publicações.

Em segundo lugar, não é de modo algum uma mera questão de preferências pessoais, penso que expliquei bem os meus argumentos - eu não conheço pessoalmente nenhum dos concorrentes (pelo menos os(as) autores(as) dos trabalhos divulgados na blogosfera) e nem sequer o vencedor;

Em terceiro lugar, de notar que as críticas estão a focalizar-se em dois eixos: o eixo do processo/enquadramento estratégico (sobretudo eu, o Amílcar Tavares, o Emílio Rodrigues, o Tidi - entre os comentários que li) e o eixo da estética/design (João Branco, Hedy e outros da área de design, sobretudo no blog do Hedy). Eu não vou entrar neste segundo eixo porque de design não entendo quase nada, deixo a análise para os especialistas... No entanto, o meu comentário no blog do Hedy foi feito com base na primeira perspectiva, sou seja, na minha opinião, entre as propostas que conheci aqui na blogosfera, o trabalho (que por mero acaso é da autoria do Hedy) é o que mais se aproxima da visão, do "espírito" subjacente ao Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo, não considerando-se a questão do processo.

Em quarto lugar, a minha (o)posição à forma como se estava a tratar o assunto foi formulada muito antes sequer de sair o resultado do concurso. Logo na altura do concurso, expressei pessoalmente a pessoas com responsabilidade na matéria as minhas fortes reservas quanto ao processo escolhido - com base nos mesmos argumentos técnicos acima -, pelo que sinto-me à vontade em publicar aqui esta minha opinião sem que me conotem com este ou aquele candidato.

O PEDTCV tem subjacente um determinado "espírito", uma alma, que está corporificada na visão e nos princípios de desenvolvimento do turismo em Cabo Verde. Não conheço, repito, a proposta de plano de marketing, mas de qualquer forma o PEDTCV é o instrumento "master" que deve nortear todas as intervenções no sector (entre as quais o PM e consequentemente a concepção da marca Cabo Verde), pelo que sinto-me à vontade em utilizá-lo como orientador das minhas análises. Não se trata, portanto, de meras preferências pessoais.

Um abraço, espero ter esclarecido a minha posição. Volte sempre!

Paulino

Hedy Cardoso disse...

Acho que temos por aqui um anonimo que esta escondendo a sua identidade por covardia mesmo, ou para se esconder atras da sua falta de personalidade...

Bom.... Sr anonimo... se ja leste meu blog, e meus comentarios em outros blog, já deves ter visto que eu disse as minhas criticas rebatem-se em problemas tecnicos mesmo de aplicaçao da marca. Resumindo: se nao entendes disso, é melhor ficares calado. Em momento algum, eu disse que a minha logo é melhor que a vencedora, apenas criei no meu blog um espaço TRANSPARENTE, em que qualquer concorrente pudesse publicar suas propostas, para que o publico em geral tenha conhecimento (O QUE SERIA PAPEL DA ORGANIZACAO DO CONCURSO). Meu querido ou minha querida anomimo (a) claro que participei desse concurso com a intençao de ganhar, eu sempre penso positivo e meu lema é me doar ao maximo para melhorar cada vez mais. Nao consegui, enfim, tentarei no proximo, e no outro e no outro... se achas que a liberdade de expressao é dor de cotovelo... talvez sejas mesmo conhecido ou familiar do vencedor... Epah dou-te um conselho: foca-te, preoucupa-te com voce e na sua área, porque enquanto preoucupas com a vida dos ooutros, a tua está ficando atras... abraço. e te convido a identificares-te em vez de esconderes atras de uma tela de computador... porque isso é a atidude de covarde, o que não deves ser com certeza...

Paulino Dias disse...

Olá Anónimo (o que não quer o seu comentário publicado),

Não vou publicar o teu comentário como me pediste, mas quis te agradecer o feed-back.

Compreendi o teu ponto e devo dizer-te que concordo contigo - thanks pelo alerta! Confesso que não me tinha apercebido do risco que apontas e não o tinha visto nesta perspectiva. De todo o modo, como expliquei acima, não vejo contradições entre o meu post e o comentário.

Thanks mais uma vez, volte sempre!

Abraço,
Paulino

Anónimo disse...

A proposta do Hedy é uma $%&#$ (uma bosta!) Desculpem-me lá! Haja saco! Ainda bem que o juri não considerou essa proposta. Credo em cruz!

Anónimo disse...

Ola Paulino,
Confesso que gosto imenso dos teus posts e comentarios. São sempre muito bem fundamentados. Li teu comentario no Blog do JB e pos-me a pensar, já que tudo foi dito com muita coerencia( como sempre). Me surpreendi foi com o teu comentario do Blog do Hedy. Afinal como disse um anonimo se outra proposta tivesse ganho nao se contestaria e nao seria preciso ir tao fundo na formulação de soluçoes para este país. Agora que o vencedor do concurso veio a publico, a sensação que fica é que foram muito precipitados - vc o Amilcar e EFR ( com a petição)e reconhecerem isto nao vos ficaria mal.
Abraço
Mirian

Paulino Dias disse...

Alô Mirian,

Obrigado pela visita e pelo comentário. Volte sempre, gostei da tua posição.

Já te respondi, mas preferi fazê-lo no blog do Rafael Fernandes, dá uma olhada. Como vês, achei também o gesto dele muito elevado e corajoso, mas não fiquei convencido e não retiro uma vírgula da posição que eu tenho defendido: a questão da coerência interna entre instrumentos de política para a gestão do turismo.

Um abraço,
Paulino

Paulino Dias disse...

Alô Mirian, qui tal?

Obrigado pela visita e pelas palavras! Por acaso tinha-te respondido, via um comentário que enviei ao blog de Rafael Fernandes, mas deve ter ocorrido algum problema (ou então ainda não foi moderado), o coment não foi postado. Por isso passo a transcrevê-lo aqui, ok?

Abraço, volte sempre!
.................
"Caro RF,

Antes de mais, gostaria de te dar os sinceros parabéns pela forma digna, corajosa e elevada com que defendes o teu ponto de vista em relação a este assunto. Ganhaste aqui um admirador sincero (quem sabe vá rusgar o "choppe" assim que souber onde vai ser...;)), precisamos desenvolver em Cabo Verde este espírito de debate sério, honesto e construtivo, sem permitir que resvale pelo lado pessoal. Aqui lamento que alguns participantes tenham descambado para este lado e exorto a todos a te copiarem o gesto de manter as respostas num nível mais elevado.

Contudo, devo dizer-te que não fiquei convencido em relação à adequação do logo aos objectivos estratégicos de Cabo Verde. O ponto central da minha crítica (ver no meu blog) é que não consigo perceber uma relação clara e inequívoca entre a estratégia de desenvolvimento do turismo de CV, a estratégia de marketing que o deverá sustentar (que, aliás, ainda nem sequer foi aprovada!!!) e o teu logo. Este é o meu ponto. Na minha perspectiva, o processo de criação da marca de turismo de Cabo Verde deveria resultar da resposta às seguintes questões, nesta ordem: 1º) o que queremos para CV em termos de turismo? 3º) que princípios devemos adoptar para o seu desenvolvimento? 3º) que objectivos queremos alcançar? 4º) que tipo de turismo/turistas nos permitirão alcançar estes objectivos? 5º) como é este turista? o que pensa? quais são as suas necessidades e expectativas? 6º) temos condições de satisfazer estas necessidades? como? com o quê? a que preço? 7º) o que estão a fazer os concorrentes para satisfazer estas expectativas/necessidades? o que podemos/devemos fazer diferentes? 8º) como devemos então COMUNICAR a nossa oferta a este turista?

O logo é uma das "peças" (mas não a única, naturalmente) que nos permitirá comunicar com este turista. (Repare que não disse "os" turistas, mas "este" turista - o tal que queremos atrair). Subjacente a esta abordagem está a ideia de uma gestão activa do turismo, isto é, de Cabo Verde escolher e atrair o tipo de turismo que lhe permita alcançar os objectivos estratégicos.

É esta a essência da crítica que dirigi (e continuo a dirigir) quando ao processo: não consigo descortinar de imediato este "link", esta continuidade, esta coerência entre os três instrumentos de política. E falo como um leigo em design - assim como, se calhar, 99% dos potenciais turistas a quem o logo se destina! Quando referi no meu blog às semelhanças entre o logo e o do Algarve turístico e ao seu impacto em termos de posicionamento, fi-lo na condição de leigo e, neste contexto, é o que interessa...

A tua resposta às críticas é sobretudo uma resposta técnica. E considero - mesmo não sendo da área - que a defesa foi muito boa e tecnicamente sustentada. Mas o pessoal da área está melhor capacitado para dizer da sua justiça. Mas repito, não me tranquilizaram, do ponto de vista de definição/implementação de soluções e políticas para o sector do turismo. Faltou coerência interna no logo, na perspectiva de enquadramento estratégico. Faltou convencer-me (o logo) a quem se destina e como mostra um Cabo Verde distinto e diferenciado em relação aos concorrentes...

Sorry este longo comentário, RF. Veio na sequência de um pedido de uma leitora do meu blog, de que depois das tuas explicações nós deveríamos ao menos vir reconhecer que fomos precipitados. Bem, como expliquei acima, não fui precipitado (respondo por mim, naturalmente) e mantenho tudo o que disse anteriormente sobre o assunto.

Um abraço, meu caro!
Paulino

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Anónimo disse...

Alô Paulino,
Vou tentar esclarecer melhor minha posição.
Como já havia dito, leio e gosto muito dos teus comentários e Posts. Assim como dos outros que citei (e por isso mesmo os citei). Os vossos Blogs têm sido em larga medida espaços de formação de opinião e por isso mesmo, apesar de terem legitimidade em formular vossas opiniões nos vossos espaços pessoais, a forma de fazê-lo conta muito.
Em toda a discussão gerada a volta da marca CV, o que me pareceu precipitado e não muito adequado foi a questão do plágio colocando em causa não apenas um trabalho, mas o próprio profissional.
Lendo os comentários e posts gerados a volta do logo vencedor, ficou-se com a impressão de que se tratava de trabalho amador, claramente plagiado e colocando em dúvida por isso mesmo o profissionalismo do autor. Isto tudo veio a mostrar-se falso. Afinal não era tão amador assim e o autor mostrou-se muito corajoso como disseste e muito profissional. Podes até dizer que não foi esta a tua principal posição e critica, mas no teu discurso e no dos outros ficou patente (pelo menos para mim) essa ideia, e a critica da critica vai neste sentido.

O que é pena, é que talvez tenha-se perdido uma grande oportunidade para um debate serio sobre o tema. Isto porque, de novo digo, a forma como abordaram o tema não foi a melhor. Não apenas, a acusação de plágio, mas tb/ o “endorse” a outra (s) proposta(s), esvaziando-se o que se tinha dito.
Para mim, o debate poderia sim centrar-se em questões importantes que levantaste – quem deveria conduzir o processo, uma empresa ou não? sobre a condução de todo processo – que estudos se fizeram para saber as expectativas do Turista que se quer, a questão do Logo antes da aprovação do plano de marketing, enfim… A questão muito pertinente que o Emilio levanta das cores estarem esgotadas, associadas a muitas outras marcas, enfim, desta forma ganharíamos todos. E nós os que não somos da área, aprenderíamos um pouco mais com quem entende e teríamos base para formar nossa opinião e quem sabe assinar a petição.
Pessoalmente não tive muito boa primeira impressão do logo. Talvez as cores, não me identifiquei também. Mas ao ver a memoria descritiva e o processo do autor, especialmente as pedras na areia e o logo a preto e branco, com as ilhas em contorno, me apaixonei pelo conceito por detrás. E apesar de esta não ser minha área entendo que a MARCA não será apenas o logo, (o que já explicaste muito bem). Imagino que o logo seja uma pequena parte apenas. Penso que o importante do Logo (podem me corrigir se estiver errada) será a flexibilidade e as possibilidades de associa-la à MARCA (imagem, identidade). As associações, valores, que nos vêm a mente terá sim uma contribuição da imagem visual(logo), mas principalmente, de todo o trabalho por trás da construção da marca ( as associações, as experiencias, a comunicação… enfim… ) E se bem entendi, este trabalho (desenvolvimento da MARCA) está entregue a um instituto cuja capacidade o Emilio contesta ( outro bom ponto de debate).
Fico por aqui meu caro,
Um abraço
Mirian

Paulino Dias disse...

Olá Mirian,

Obrigado mais uma vez pela visita e pelas palavras. Volte sempre!

Em relação ao teu comentário, devo esclarecer o seguinte:

1) Em nenhum momento, da minha parte, houve alguma acusação de plágio (podes confirmar aqui no blog e nos meus comentários em outros blogs). A minha crítica sempre foi muito bem definida (processo + enquadramento estratégico), não tendo entrado em nenhum momento na questão técnica/de design por ser uma área que, repito, não tenho conhecimentos que me permitissem fazer um juízo de valor (como o plágio). Sobre isso, acabei, sim, por aprender muito com este debate...rs;

2) É pena, Mirian, que quase toda a discussão esteja a centrar-se sobretudo nesta parte técnica e de design. Isso sim. Repare que nem mesmo a coordenadora do projecto pelo IPDT, no comentário que deixou no blog do RF, avançou explicações consistentes nesta direcção, limitando-se a defender sobretudo o processo de concepção. E digo que é pena porque a parte técnica/design é a parte visível; o enquadramento estratégico, a alma, o objectivo de longo prazo, etc. - é parte invisível, mas que inevitavelmente dá (ou deveria dar) sentido e direcção à marca "Cabo Verde". Se quiser testar isso, pergunte aos participantes do concurso quantos deles tiveram acesso ou leram o PEDTCV antes de trabalharem no logo...

3. Em relação às críticas feitas por outros bloguistas, bem, cada um defende a sua posição como bem entender. Eu tenho a minha, defendi-a e continuo a defender, com base em argumentos que já apresentei, salvaguardando sempre o devido respeito pelas outras opiniões, e especialmente pela pessoa do vencedor do concurso (que, repito, ganhou a minha admiração - a pessoa, não o logo! - com a forma como veio esclarecer a sua proposta). Sobre às críticas ao IPDT abstenho-me naturalmente de comentar por questões éticas: não conhecendo a fundo o trabalho desta entidade, acho que não devo assim tecer juízos de valor.

4. Agora, assiste-se a uma espécie de "fuga em frente" neste debate: como a explicação TÉCNICA (na perspectiva do design) foi muito bem sustentada pelo autor, procura-se "matar" o debate, quer acusando os críticos de má fé, difamação, desconhecimento, rancor, dor de cotovelo e tantos outros mimos que já li na blogosfera, quer ignorando completamente a outra linha da crítica - o seu ENQUADRAMENTO ESTRATÉGICO, nomeadamente a sua articulação com outros instrumentos de política para o sector do turismo - no qual eu claramente me posiciono. E é uma pena que assim seja, repito. Amanhã poderá chegar ao Governo uma outra equipa que acha que outro logo podia ser mais "bonitinho", e ala de lançar outro concurso, ala de gastar mais dinheiro... E assim vamos caminhando ao som da fanfarra dos modismos de curto prazo, quando este país precisa desesperadamente de soluções estruturantes pensando nas próximas gerações (e não nas próximas eleições).

Um abraço, Mirian, thanks pela visita!

Paulino

Paulino Dias disse...

Caro(a) Anónimo(a) - o(a) que não quer se identificar e não quer que eu publique os seus comentários...

Bem, é que assim fica difícil responder...rs. Como não tenho como comunicar-me consigo nestas condições, sugiro-lhe o seguinte: mande-me um e-mail para paulinodias21@yahoo.com e terei todo o prazer em detalhar ainda mais o meu ponto de vista. Especialmente para esclarecer a dúvida sobre a minha "real motivação", ok? É que pensava que o EXERCÍCIO DA CIDADANIA pudesse ser uma boa e suficiente motivação para todos participarmos no debate...

Abraço,
Paulino

Anónimo disse...

Paulino Dias,

Esclareça apenas este ponto: tinha ou não tinha interesse pessoal no negócio da marca Cabo Verde? Apresentou ou não uma proposta $$$ empresarial concreta para a formalização da marca Cabo Verde?

Emanuel Duarte

Paulino Dias disse...

Caro Emanuel Duarte,
Muito obrigado pela visita e pela participação.
Olha, já estava a achar demorado que se levantasse esta questão...rs. Afinal, aqui em Cabo Verde temos o hábito de questionar mais o "porquê" de uma tal crítica, do que o "conteúdo" da mesma. Pena, porque assim inibimos a crítica enquanto instrumento de inovação e desenvolvimento, além de impedirmos o crescimento de uma sociedade civil activa e útil, necessária ao amadurecimento de uma democracia como a nossa. Veja como comecei a minha intervenção neste debate - já então estava consciente de que mais cedo ou mais tarde se levantaria esta questão que colocas...rs. Mas, adiante.
1. Eu sou sócio-fundador e actualmente responsável pela empresa de consultoria PD Consult (www.pdconsult.cv) que elaborou o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo em Cabo Verde (PEDTCV), aprovado em Conselho de Ministros em 31/12/2009.
2. Coordenei pessoalmente a elaboração deste documento, junto com um Consultor internacional da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. Por isso o PEDTCV aprovado é um instrumento que conheço muito bem quanto à visão, aos valores, aos princípios e aos objectivos estratégicos que lhe estão subjacentes, o que me dá o à-vontade - passe a imodéstia - para ajuizar sobre a coerência interna de outras peças de política para o turismo que lhe deveriam complementar (a essência da minha posição neste debate, recorda-se).
3. Na fase final da elaboração do PEDTCV tivemos conhecimento de que o IPDT já estaria a apoiar a DGT na elaboração de outros instrumentos complementares ao PEDTCV, entre os quais o Plano de Marketing. A PD Consult, não obstante o seu papel no PEDTCV, nunca foi convidada a participar em nenhum concurso (nem teve conhecimento de nenhum) para a elaboração do PM; na altura, inclusive, chegamos a alertar os responsáveis para o risco de se estar a avançar nesta etapa quando o PEDTCV ainda nem estava formalmente aprovado.
4. Aquando do lançamento do concurso para a concepção da marca, fomos inquiridos verbalmente se a PD Consult iria participar, ao que respondi negativamente, porque não achava (e não acho) que esta seria a melhor forma de conduzir o processo. E a PD Consult NÃO PARTICIPOU no concurso sobre a marca Cabo Verde, por uma questão de coerência, não obstante termos parceiros muito bem capacitados para este tipo de trabalho de design/comunicação de marketing;
5. Este mesmo parceiro apresentou sim - por sua própria iniciativa, independente da PD Consult por nossa solicitação -, uma proposta à Cabo Verde Investimentos para a prestação de serviços na área de imagem/promoção de CV, que não foi aceite por a proposta não ter sido competitiva em relação a outras propostas recebidas.
6. Por razões (que não tem nada a ver com este processo, mas que não irei trazer aqui, naturalmente, por questões de princípio - agradeço desde já a sua compreensão), a PD Consult decidiu não participar em quaisquer concursos do MTIE (ou das instituições sob a sua tutela), tendo devidamente comunicado tal decisão aos responsáveis, pelo que, decididamente, não é interesse” $$$ comercial” que me move nesta discussão...
Espero ter esclarecido as suas dúvidas. Lamento ter que trazer a público informações de carácter meramente profissional relacionadas com a nossa empresa, mas havendo esta sombra, achei por bem esclarecer.
O que me move, meu caro Eduardo, é o exercício da CIDADANIA. Com frontalidade? Evidente! Correndo riscos de interpretações como a sua? Devidamente calculados. Com paixão, se calhar? Claro! Afinal, sou um "apaixonado pelas coisas belas da vida..." rsss. E pensar o futuro deste país é uma dessas coisas belas, não concordas? Além de ser uma obrigação de todos nós, caramba!
Dito isto, Eduardo, vamos recentrar o debate no "conteúdo" em vez do "porquê"? Acho que os meus argumentos estão muito claros e estou naturalmente aberto a ouvir os contra-argumentos. Esta é a essência e a finalidade dos debates saudáveis e construtivos...
Um abraço, meu caro, volte sempre!
Paulino

Anónimo disse...

Afinal o Paulino tinha razão quanto ao enquadramento estratégico - vejam aqui:

http://www.incv.gov.cv/_publicacoes/geral/A7A329F4-F98D-1644-BFF4D6C7020C44B906072010110255.pdf

Ou seja, só depois de se anunciar o vencedor do concurso é que se publica o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo??? Será reacção às críticas apontadas nesta linha???

Anónimo disse...

Tenho visto o logo um pouco por aí e devo confessar que é uma boa imagem de marca para promover o vosso país CABO VERDE, sem nenhum complexo, vergonha ou embaraço.
Rita Abreu