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sábado, 2 de agosto de 2008

Hoje apetece-me poesia...


Hoje, com este Sol de Sábado a lavar-me o rosto pela fresta da cortina, apetece-me poesia. Lambuzar-me todo de poesia, barbear-me em poesia, escovar os dentes com poesia enquanto me espreita o moço do outro lado do espelho com uma inexplicável alegria na retina dos olhos. Hoje – não há pilha de corpos esqueléticos em pós-agonia nem Deus nenhum que me impeçam! – vou embebedar-me de poesia…


Abro ao acaso A cabeça calva de Deus só para saber pelo Corsino que


“Mulher! Quando o céu da tua boca

Arrasta o corpo da terra

.................Até a goela da água longínqua

A febre conta no arco-íris

..............................Da carne que sangra

..................A montanha roída dos dentes…


E da cicatriz da mão

.................................brotam raízes

Que vicejam a memória dos séculos…”


Convence-me o Valentinous logo depois que também eu – sem o saber, caramba! - tenho o infinito trancado em casa. Segreda-me devagar ao ouvido (quase num sopro),


“Sabemos o que Deus no céu achou.

Não sabemos é do que na terra anda à procura”


Poesia, Velhinho, poesia. Ele por cá, anda à procura é de poesia, moço! Depois que Adão fez cagada lá no Paraíso e o soldado romano trespassou Seu filho com a lança, só a poesia é capaz de lhe curar a dor, digo-te.


Ah!, podem vir agora as deusas todas de navalha em punho para me dilacerarem a carne. Podem vir as hordas de bruxas e feiticeiras com suas poções, suas maçãs envenenadas! Podem vir!


“Eu estarei de mãos postas

à espera do tesouro que me venha na onda do mar,

E minha principal certeza

é o chão em que se amachucam os meus joelhos doloridos…”



("Ilha encalhada" - Foto de PD)

2 comentários:

Ricardo Rayol disse...

Se o lugar é assim nada mais justo que a poesia aparecer.

Paulino Dias disse...

Bem visto Rayol...rs.

Abraco,