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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Resposta ao Kaka Barbosa

Caro Kaká Barbosa,

Só agora, por uma feliz coincidência, dou-me conta da tua presença no universo blogueiro. E dou de caras logo com uma nota que me é endereçada... Muito obrigado pelas palavras, mas sobretudo, muito obrigado por passar a partilhar connosco a tua pena!

Estas ilhas realmente nos tocam bem lá no fundo, Kaká. Sabes disso desde diazá, muito antes de eu mesmo lhes ter botado a vista em cima nos idos de 1976 quando saí do ventre de Silva de Junzim de Pólina. Sabes disso – os teus poemas e a tua música o dizem – aliás, ensinas-nos nisso.

Não as ilhas rocha-mar-azul-céu-verde-praças-árvores-de-natal- avenidas-iluminadas, e que passamos a vender aos gringos nos manuais da CI, mas as ilhas-alma que nos abraçam com ternura em cada manhã ao acordar e de nós se despedem ao bradar a noite as doze badaladas. As ilhas que pressentimos nos olhares, as ilhas nas rugas que dobram os cutelos do rosto do meu teu velho, as ilhas no suor, as ilhas no grogue mais o violão ao cair da noite no bar da Noémia no Paúl (lembras-te?), as ilhas nas histórias que me conta a velha/nova Dadá em Água Gato, as ilhas no tempo que me revisita ali no lombo de Pinhão sobre os braços estendidos de Nhô Mateus ainda gó turdia.

Não as ilhas nos tratados pseudo-intelectualóides- de-mandar-à-merda, Kaká. Nem nos panfletos clandestinos nas esquinas dos jornais. Que deles, confesso-te, estou farto até à exaustão. As ilhas-pessoas-de-carne-e-osso, Kaká. A história por detrás do olhar ali no outro lado da rua, o poema na barafunda do mercado de peixe ali no cais da Praia (sim senhor, poema!), a música meio entristecida no assobio da moça que surpreendo na borda do tanque de Chã de Henrique numa manhã qualquer de dezembro. Assim, sem pressa de enquadrar: sentir apenas, simplesmente.

Estas, as ilhas que me preenchem, Kaká...

Um abração, fico à espera do convite para a música!

(“Nhô Mateus ta mostrám camin” – Foto de Paulino Dias)

1 comentário:

Carlos Alberto (Kaká) Barboza disse...

Caro Paulino
Bravo a resposta está mais do que dada. Um nhako convite a um novo olhar sobre o que realmente nos toca profundamente. Aprecio os que, como tu, põem asas às pedras. Gostei imenso.
Cá estarei para juntos contribuirmos para alguma coisa de bom. Um abração.Kb