Google Translator

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Minha declaração de voto

A. À laia de introdução

Prometi publicar aqui neste cantinho a minha declaração de votos. O meu "julgamento" prévio enquanto cidadão deste país, a minha escolha, consciente e despida de paixões militantes, referente às eleições legislativas do próximo dia 06 de Fevereiro.

Faço-o não por ser militante deste ou daquele partido, repito, ou por estar a querer influenciar este ou aquele da meia dúzia dos meus leitores. Nem tampouco estarei à procura de "mamas" - como vomitou um(a) leitor(a) anónimo(a) incomodado(a) com o aviso que aqui coloquei sobre a minha declaração de voto. (Já agora, mamas dispenso, óh amigo(a)!, as da minha mãe larguei-as nos idos de 1977 e quanto aos três por dia, tenho a felicidade de dirigir a minha própria empresa, com uma equipa excepcional e que vai indo muito bem, obrigado!, não estou à procura de emprego nem pretendo tão cedo trabalhar por conta de outrem, digo-te...).

Faço-o por cidadania, porque como disse aqui, sou uma pessoa de convicções e de frontalidades, sempre fui de assumir minhas posições e de agir em conformidade, mas procurando respeitar sempre as posições dos outros. Nas duas últimas eleições legislativas votei no PAICV e tenho-o assumido publicamente sem quaisquer problemas. Nas últimas eleições autárquicas, não votei aqui na Praia nem no candidato do PAICV (Filú) nem no candidato do MPD (Ulisses). Votei em branco e também publicamente expliquei porquê (no antigo programa "180º" do Abraão Vicente). No mesmo programa, referia que a votar na minha ilha, e se pudesse votar nos 3 concelhos, os meus votos seriam para a Vera Almeida (PAICV) no Paúl, para o Amadeu Cruz (MPD) em Porto Novo e para a Leonesa Fortes (PAICV) em Ribeira Grande, não obstante a amizade e o respeito que tinha e tenho ainda aos outros candidatos (sorry, rapazes...). Estive sempre à vontade por assumir tais posições porque eu não voto em partidos - voto em pessoas!

Apesar de ter votado no PAICV nas últimas eleições, nunca deixei de manifestar a minha discordância ou de apontar críticas construtivas quando entendia necessárias, no pleno exercício dos meus direitos e deveres como cidadão. Fi-lo em relação à estratégia de luta contra a pobreza, fi-lo aquando das informações tornadas públicas sobre o modelo de reestruturação da Electra que vinha (ou está?) sendo discutida a nível do Governo, fi-lo em relação a opções tecnológicas utilizados em obras de infraestruturas do Governo, nomeadamente na estrada de Ribeira da Torre, fi-lo em relação ao processo de escolha da marca turística de Cabo Verde, tenho-o feito em intervenções públicas diversas, e continuarei a fazê-lo seguramente - não importa quem estiver à frente do Governo! Porque este é um direito meu de que não abro mão como cidadão, assim como não abro mão do direito de ir votar no próximo dia 6 de Fevereiro; abster-me? Nem fláça!! Pago uma nota preta em impostos todos os meses, para deixar assim que outros decidam quem vai gerir este meu dinheirinho... :-)))


B. Declaração de voto

Eu, Paulino Dias, 34 anos, cidadão caboverdeano natural de Santo Antão e residente na Cidade da Praia, portador do BI nº 4678, declaro para todos os efeitos - incluindo o de me caírem em cima com pedras e garrafas digitais, os intolerantes e nada democráticos anónimos de plantão...rs -, que vou votar no PAICV nas próximas eleições legislativas de 06 de Fevereiro.

Tendo em conta: (i) as necessidades de Cabo Verde e dos caboverdeanos no actual momento do nosso percurso histórico; (ii) o perfil dos candidatos na corrida (aqui incluindo história, percurso, experiência, propostas de governação e competência para as implementar, - mas sobretudo valores e atitudes!); e (iii) os termos de referência para o concurso ao meu voto que tinha publicitado aqui, considero que o PAICV reúne as melhores condições para governar o país nos próximos cinco anos, por isso irá merecer a minha confiança (voto). Abaixo as minhas razões mais detalhadas.

1. O passado.

A história de Cabo Verde deve muito a ambos os partidos, principalmente o PAICV e o MPD. O primeiro, pelo seu percurso no processo de independência e na construção do novel Estado, o segundo pelo papel desempenhado aquando da transição para o regime democrático e para o pluripartidarismo. No entanto, na minha perspectiva, o que comparo agora são os 10 anos de governação do MPD com os últimos 10 anos de governação do PAICV. Neste prisma, e comparando-se os principais indicadores (objectivos!) de desenvolvimento do país, a balança pende claramente a favor do PAICV em itens como infra-estruturação, equilíbrio de indicadores macroeconómicos, frente externa, boa governação e transparência, modernização do Estado (mesmo que ainda muito tímida!), combate ao crime organizado, combate à pobreza (redução de 36% para 26% ao longo da década), educação (apesar de os avanços nesta área não terem sido acompanhados de uma política consistente de melhoria de qualidade) e agricultura.

O MPD teve o mérito de introduzir nos anos 90 do século passado um novo paradigma de crescimento económico e desenvolvimento, baseado no sector privado, com o qual concordo integralmente. No entanto, processos de privatização mal conduzidos (CV Telecom, sem que estivesse pronto um sistema regulatório adequado - ainda estamos a pagar a factura! -, Electra, Enacol, com o célebre caso dos 2 milhões de dólares, entre outros), conjugado com uma deficiente visão quanto a políticas de sustentabilidade do crescimento económico neste paradigma, acabaram por minar os resultados que se poderiam alcançar a longo prazo. Também errou a mão ao desmantelar processos e instituições alegadamente atribuídas ao "antigo regime" mas que exerciam um papel muito importante no desenvolvimento do país: as instituições cooperativas (que deveriam ser reorientadas quanto aos seus princípios filosóficos, objectivos e processos e nunca desmanteladas ou simplesmente suprimidas do quadro legal...), as associações juvenis (que também deveriam ser despolitizadas, se calhar, mas que poderiam ter exercido uma função útil como quadro referencial para os jovens), os mecanismos de assistência técnica a agricultores (centros de extensão rural, entre outros), entre outros.

O PAICV, nos seus 10 anos de governação, poderia ter feito muito mais na frente social. Apesar das notas positivas que aqui se podem atribuir relacionadas com o aumento da pensão mínima, modernização do INPS (palmas à Leonesa Fortes!) e outras medidas de mérito, os programas de luta contra a pobreza deveriam ter tido um enfoque menos assistencialista e mais centralizadas no homem, na sua "construção" enquanto principal instrumento de luta contra a "sua" pobreza. Também a revisão da legislação laboral deveria ter sido mais ousada. Não o foi, e isso contribui para que estejamos na 132ª posição no ranking Doing Business 2010 que mede a competitividade dos países e a sua atractividade ao investimento privado. Os dossiers "TACV" e "Electra" exigiam respostas mais enérgicas e profundas. Aliás, o PAICV deveria ter feito muito mais no sector energético, muito mais do que medidas paliativas e de cosmética, já com um certo atraso. Deveria ter ido mais longe: a nível de políticas e estratégias, a nível de natureza e profundidade de investimentos, a nível de governança do sector, a nível de introdução de um novo modelo, com mais participação do sector privado. A frente económica é outra frente onde o desempenho do PAICV ficou aquém das expectativas - não obstante o mérito de ter conseguido um crescimento anual médio de 6,4% na "sua" década, mesmo atravessado uma crise de proporções globais! Aqui faltou sentido e direcção estratégica única e assumida por todos os agentes (Governo + autarquias + sector privado + sociedade), ao que não terá ajudado a elevada rotatividade de ministros nesta nesta área. Também na cultura, a julgar pelos sentimentos expressos pelos agentes do sector, penso que algo foi mal. É preciso dizê-lo.

2. O futuro.

Para enfrentar os novos desafios que se colocam entretanto a Cabo Verde enquanto país estruturalmente frágil, classificado para todos os efeitos como país de desenvolvimento médio mas sem recursos naturais e tendo que importar quase tudo o que precisa, num contexto global extremamente instável e imprevisível (a nível económico, político, social e tecnológico), exigirá dos próximos governantes 4 qualidades principais: (i) uma liderança forte, inspiradora (sem messianismos, no entanto...) e credível tanto no plano interno (para mobilizar todos os caboverdeanos numa única direcção para os desafios referidos acima) quanto na frente externa (para mobilizar as parcerias necessárias e construir o network global de que Cabo Verde irá precisar); (ii) uma visão abrangente e de longo prazo - e não meros programas eleitorais de 5 anos, meus senhores!; (iii) capacidade de mobilizar a experiência e as competências técnicas necessárias; e (iv) os valores, as atitudes e a disciplina moral e ética que lhes norteiem as decisões em benefício de todos os caboverdeanos - os actuais e as gerações futuras.

Utilizando o quadro metodológico acima para comparar as propostas dos concorrentes e avaliar a probabilidade de sucesso de cada um dos partidos no contexto das necessidades referidas, mais uma vez a minha escolha recai sobre o PAICV. Vejamos porquê.

Em primeiro lugar, não me inspira o regresso de Carlos Veiga à liderança do MPD (e sobretudo a forma como o fez - relegando Jorge Santos e os que o apoiavam para um canto e evitando o salutar e necessário confronto político nas eleições para a escolha do presidente do partido). Reconheço-lhe o mérito e a contribuição que deu ao país no passado, mas deveria ter dado espaço para novas lideranças dentro do seu partido. Deveria ter permitido que este respirasse naturalmente e encontrasse o seu caminho fora da sua sombra. Enquanto líder histórico, deveria ter alimentado e orientado o processo de ascensão desta malta jovem de muito valor potencial, como o Elísio Freire, o Miguel Monteiro, o Nilton Paiva, a Janine Lélis, só para citar alguns. Ao não o fazer, demonstrou, na minha opinião, ou a sua pouca confiança nos jovens (que, vale lembrar, representam mais de 60% da população deste país!) ou uma sede desmesurada de poder que não se enquadra decididamente no perfil da "boa liderança". Os bons líderes sabem quando e como sair de cena, se tiverem em mente a defesa dos interesses do colectivo (Nelson Mandela é um exemplo...). O meu voto no PAICV, nesta perspectiva, também é um voto de protesto contra o meu patrício e amigo Jorge Santos, que desistiu de lutar, e contra Carlos Veiga, por não ter podido convencer-me da justeza do seu regresso à luta pelo poder.
Já José Maria Neves é reconhecido como um líder por excelência, com uma visão clara para o desenvolvimento de Cabo Verde. Transmite-me confiança, quanto à sua visão, quanto à sua capacidade de trabalho, quanto à defesa dos interesses do país. No entanto, terá - também ele - que lidar com a sua própria sucessão dentro do PAICV (quer ganhe, quer perca as próximas eleições), para evitar os mesmos erros que Carlos Veiga está a cometer, em termos de uma excessiva dependência JMN/PAICV e PAICV/JMN. Este é um dossier que não poderá ser adiado...

Em segundo lugar, comparando os principais pontos dos programas eleitorais do MPD e do PAICV, o primeiro, ao querer ser supostamente mais concreto e objectivo, deixou-se cair um bocado no campo limitado de um plano de acções para os próximos 5 anos. Faltou ali qualquer coisa, visão de longo prazo, ambição que perdure para lá das eleições de 2015. Faltou um compromisso para com a minha filha de 10 anos... Ademais, algumas propostas parecem claramente conversa para boi dormir. Como exemplo, as 70.000 casas para eliminar o déficit habitacional. Continha simples: 70.000 x 2.000 contos (custo médio de construção de uma habitação de baixíssimo custo) = 140 milhões de contos, quase 100% do PIB actual do país. Onde vão buscar este dinheiro, sabendo que (i) prometeram redução de impostos, (ii) criticaram o endividamento do Estado (por isso não o irão fazer, certamente...) e (iii) dificilmente irão reduzir os custos de funcionamento para criar espaço fiscal ao investimento (já que irão criar 5.000 empregos no sector público, entre os 30.000 prometidos...)? A proposta do PAICV soa-me de mais longo prazo, com uma perspectiva mais abrangente e transversal. Ao incidir na ideia dinâmica de "mais..." ("mais emprego...", em vez de "30.000 empregos", por exemplo), transmite uma ideia de processo, de continuidade, de longo prazo, o que significa (espero!) que a problemática do emprego será atacada nas suas raízes estruturais e não meras operações conjunturais sob a pressão de alcançar números prometidos. No entanto, esta opção de programas de continuidade sem incidir muito em objectivos concretos (PAICV) tem o handicap de não ajudar no controlo social e na avaliação do desempenho ("mais" poderá ser mais 1 ou mais 100...)

Em terceiro lugar, na minha avaliação o PAICV reúne um melhor corpo técnico para formar governo, em comparação com o MPD. Colocando lado a lado as experiências governativas de um e de outro, assim como o percurso profissional recente dos principais candidatos ao governo em cada um dos lados, e os desempenhos dos representantes dos partidos nos debates (a ideia que me ficou é que esses representantes poderão ser os próximos titulares das áreas que debateram...), deixa-me mais confortável a capacidade do PAICV de formar governo tecnicamente competente. E o facto de estarem conscientes das áreas em que cometeram falhas ou poderiam ter feito melhor (cultura e energia, por exemplo, reconhecidos pelo próprio JMN) dá-me mais conforto de que irão aprender com os erros do passado e formular novas respostas. No entanto, caso vença as eleições, JMN terá que efectuar mudanças em áreas-chave da governação, não apenas a nível dos líderes do Governo mas sobretudo a nível das estruturas intermédias!

Em quarto lugar (mas não o menos importante, pelo contrário!), valores, atitudes, disciplina moral e ética. Claro que este é um terreno arenoso e muito subjectivo. Mas lembro que estou a falar da minha decisão pessoal, que é influenciado naturalmente pela minha percepção das coisas, pelo meu próprio sistema de valores. Quer esta percepção seja baseada em factos objectivos ou elementos subjectivos. E a minha percepção é que, neste quesito, o PAICV transmite-me mais confiança do que o MPD. Se calhar fruto do seu processo de formação e do seu comparativamente longo percurso histórico, o PAICV possui, a meu ver, mais "identidade de grupo", mais coerência e consistência interna, uma maior preocupação com Cabo Verde do que com interesses pessoais ou de grupos. A história de divisionismos no MPD não me inspira confiança de que formarão um governo com a estabilidade que Cabo Verde precisa. Também o PAICV passa-me uma ideia de maior tolerância às diferenças e à diversidade (como o provam a realização de eleições primárias no partido), de maior atitude democrática do que o próprio MPD, de melhor receptibilidade às críticas. Não poucas vezes, na sequência das críticas que tenho publicamente feito ao governo, tenho sido contactado por figuras de proa do partido e/ou do governo para respeitosamente discutirem o assunto e ouvirem as minhas razões. E isso é muito bom, demonstra humildade, demonstra uma atitude positiva em relação à opinião contrária e à crítica. A valorização da opinião do outro. Um verdadeiro líder/gestor/governante reconhece a importância e a utilidade da crítica em processos de melhoria. Isto não é uma questão menor, atenção: Cabo Verde precisa apostar fortemente na inovação como instrumento de crescimento e competitividade, e esta só se desenvolve numa cultura que aceita, respeita, promove e instiga o pensar diferente.
Já o MPD não consegue deixar-me tranquilo neste ponto. Não dá para esquecer as "célebres" afirmações de Carlos Veiga (filhos de dentro x filhos de fora, "pedra ka ta djuga ku garrafa", "nu ta djuga e nu ta pita", etc. etc...) e dos ex-desafectos e agora amigos de peito aquando das divisões no seio do partido nos anos 90 do século passado. Mesmo pequenas nuances dos seus apoiantes e seguidores mostram uma dificuldade acentuada em lidar com a opinião diferente (por exemplo, o meu amigo Abraão Vicente, agora candidato a deputado pelo MPD, cria um blog para registar as suas impressões de campanha, mas não permite que os leitores deixem ali as suas impressões das impressões de campanha... - mordaças ao leitor, Abraão? Logo tu, meu caro??!).

O meu voto no PAICV não será um cheque em branco, entretanto. É mais um contrato entre eu (o cidadão) e o Dr. José Maria Neves e a sua equipa. Há contrapartidas que exijo, óh meu caro Zé Maria! Uma atenção especial à economia e particularmente ao papel do sector privado. Quero ver crescimento, aumento do emprego, geração de renda e combate à pobreza. Quero ver um outro olhar para a cultura: tenha a bondade de escutar pessoas como o Olavo (o da Luz). E o João Branco. E outros tantos para lá do pequeno círculo habitual... Quero ver uma política a sério para a o sector energético. E para a a educação de qualidade para o meu povo. E transportes inter-ilhas (marítimo e aéreo). Quero ver políticas consistentes e uma estratégia clara para promover o empreendedorismo e inovação (não esta agência de planos de negócio e organização de fóruns em que a ADEI se transformou). Quero ver sentido e direcção no desenvolvimento do turismo como factor de crescimento. Quero ver Cabo Verde. Mais Cabo Verde. Para mim, para a minha filha Patrícia, para todos nós. De contrário, asseguro-te, estarei sempre aqui, neste cantinho e noutros palcos, "(...) agitando a minha lanterna de todas as cores / na linha de todas as batalhas", como disse o poeta!

C. À laia de conclusão


O texto já vai longo. Peço desculpas pelo tempo consumido, mas era necessário. Devem ter percebido que não falei dos outros partidos concorrentes às eleições. Não porque não lhes reconheça mérito ou utilidade - longe disso!, que haja mais espaço aos ditos "pequenos partidos" para que possam balançar as coisas um bocado ali no Parlamento da ASA -, e nem por qualquer laivo de desrespeito ou arrogância. Tanto o UCID como o PTS têm feito uma campanha bastante positiva e o PSD de João Além merecia uma medalha de perseverança. Algumas das propostas do PTS (João do Rosário), por exemplo, devem ser seriamente levadas em conta pelo próximo governo. Especialmente a proposta de redução de IVA para promover o desenvolvimento da pequena indústria. Merece ser estudada, esta ideia. A minha não menção a esses partidos advém do facto de que sendo muito pouco provável que venham a obter maioria para formar governo, a minha atenção se centrou assim nos partidos com esta possibilidade (PAICV e MPD). A minha análise foca-se mais no poder executivo do que no poder legislativo. Porque a mim, repito, interessa-me agora quem vai governar os meus impostos nos próximos anos...

Tenho uma paixão desmesurada por essas ilhas, digo-vos. Tenho-as a todas no sangue, desde os tempos em que, ainda na Shell, andava por esses vales, cutelos e esquinas a visitar revendedores de gás e a conhecer os homens reais e as mulheres reais dessas ilhas todas. Tenho um orgulho desmesurado em ser caboverdeano, em exibir por onde tenho passado este nosso (belo) percurso histórico, em levantar bem alto os nomes e factos que ajudaram a construir a nossa identidade como nação e como povo. Preocupa-me os próximos cinco anos, claro. Mas preocupa-me sobretudo o país onde minha filha Patrícia e os meus descendentes irão viver. A minha grelha de avaliação, portanto, não é (nem poderá ser!) de curto prazo: é a minha responsabilidade, enquanto pai e enquanto cidadão, fazer as escolhas certas, no momento certo.

Este é naturalmente a minha decisão pessoal, a minha escolha individual. Não vou pedir, obviamente, que tenham a mesma posição que a minha. Estaria a ser incoerente quanto à defesa da democracia enquanto atitude. O que peço, no entanto, é que façam também este exercício. Podem chegar a conclusões diferentes. Podem ter outras perspectivas. Podem até fazer escolhas diferentes. Mas estarão a fazer escolhas objectivas, baseadas não em musiquinhas de campanha (que me dão cabo dos nervos!) nem em promessas ocas acenadas do palanque, mas sim na avaliação de factos concretos, de necessidades objectivas de Cabo Verde e das melhores opções que acreditam poderem satisfazer essas necessidades.

Um abraço a todos, com muita paz e amor - que esses dias também devem ser de amor, caramba...

31 comentários:

Giliardo Nascimento disse...

ISSO MESMO TIO, GOSTEI DE LER E GOSTEI DA JUSTIFICAÇÃO, CABO VERDE PRECISA DUMA CONTINUAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E NÃO REGRESSÃO

carlos pires disse...

sim senhor,, paulino boa justificação e resposta a quem acha que queres mama e tambem cabo verde precisa de continuar a evoluir e nao regressão ...abraço

Anónimo disse...

Muito interessante e reflectida a tua declaração de voto. O meu sentido de voto já estava firmado antes de vir cá, mas acho que mesmo assim fiquei enriquerido por ter-te lido. Gostei.

Álvaro Ludgero Andrade disse...

Trá uns dia de feria longe de kebra canela....

Paulino Dias disse...

Não, Álvaro, pelo contrário, hoje QC esteve muito animada...rss. Não podes faltar esses dias, pá!

Um abraço,
Paulino

Unknown disse...

Gostei muito do seu texto Paulino.Gostei sobretudo da forma como terminou-o.

Anónimo disse...

Parabens.

Um voto muito bem fundamentado!

Anónimo disse...

Excelente artigo. Como disse o outro, o meu sentido de voto já está confirmado há bué, e a leitura desta magnífica Declaração de Voto enriqueceu ainda mais a minha ambição de ver Mais Cabo Verde.
Obrigado pela contribuição.

Anónimo disse...

Então tas a procura de tacha semelhança de o que aconteceu com a sua ida a CECV. É por isso que tas a aplaudir tanto a leonesa. Mas desta feita pode tirar o cavalinho da chuva por a vitória é do MPD

Paulino Dias disse...

Caro anónimo(a) das 16:36mn,

Poderia simplesmente ter bloqueado o teu comentário (o tal, com cheiro a pupú...), mas decidi publicá-lo para te exortar ao seguinte exercício:

Releia o teu comentário... com calma... agora feche os olhos... isso... respire fundo... bem devagar... deixe estar assim por 5 segundos... abra os olhos agora...

Percebeste que o teu comentário reforça uma das justificações que escrevi sobre o decidir votar no PAICV (e não no MPD)? A parte que diz respeito a valores e atitudes. Mais precisamente, a dificuldade que percebo no MPD e nos seus militantes/simpatizantes em aceitar posições diferentes, opiniões próprias... Isto é, em vez de se centrarem no conteúdo (que procurei que fosse o mais claro possível), tentam procurar porquês... Pena pá! Uma atitude mais elevada enriqueceria (e muito!) a nossa jovem democracia, meu caro. Pense nisso.

Mas eu te perdôo e desejo-te um bom exercício de cidadania no próximo dia 6. E que vença a vontade do povo!

De resto, brother, muita paz e amor, repito, que esses dias também são para se amar...

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Olha eu sou aquele anónimo que frequentemente te vem insultando ostensivamente há alguns dias a esta parte. Eu digo-te antes de mais como tenho votado: 1991 votei MpD. 1995 votei PAICV. 2001 Votei PAICV. 2006 PAICV. Ou seja eu FAÇO PARTE DAQUELA FRANJA DO ELEITORADO QUE DITA QUEM VAI GANHAR. Não sou portanto um “boy” do PAI nem sou um “capanga” (para usar uma frase da tua Ministra Jandira) do MpD. Por outras palavras sou parte da classe trabalhadora que não está nem aí para política mas que na hora de votar é o grupo de eleitores que define quem ganha. VOU AGORA no dia 6 de Fevereiro de 2011 votar MpD exactamente por o que escreveste para justificar o teu voto no PAI. (Ou seja se eu tivesse dúvidas a tua declaração de voto convenceu-me ... a votar MpD) Repara uma coisa: PAI neste segundo mandato só fez uma coisa: PORCARIA. E o que está em julgamente não "é se poderia ter feito mais". O que está em causa eé FEZ ou NÃO FEZ e ponto. Agora se você tem as suas "interesses" vai naturalmente continuar a votar PAI. Enquanto que a maioria não está nem aí para essas masturbações mentais.Eu poderia enveredar por explicações mais detalhadas mas penso que é desnecessário. Só digo que já enjoa esta farsa e portanto o meu voto vai para MpD. Podes perguntar mas porque é que esse gajo que nem conheço anda a insultar-me? Se te serve de consolação não és único: tu, Nuias, Paulo Martins, olha esse teu “amiguinho” da TCV, o rapazinho do BVC … enfim são vários … Já agora eu não sou nenhum daqueles anónimos. Eu sou o anónimo que chamou-te nomes e portanto meu post não foi publicado ...

Anónimo disse...

Eu sou o mesmo anónimo. É verdade parece que está na hora de vocês aprenderam a TRABALHAR para ganhar a vida não é ? Ou é impressão minha ? Vê como JMN fala nos discursos de campanha com um CARA que PARECE um CÃO RAIVOSO. E isso não é bom sinal ...

Paulino Dias disse...

Alô Salim,

Thanks pela visita e pelo coment...

Olha, não tinha visto o vídeo ainda, e é realmente vergonhoso, pá! Pena que estejamos ainda neste nível de fazer campanha política...

Reforça ainda mais a minha posição e os meus argumentos.

Abraço,
Paulino

Paulino Dias disse...

Alô Anónimo das 23:19 e das 23:27 (que presumo serem a mesma pessoa),

Obrigado pela visita, não poderia deixar de publicar o teu comentário por duas razoes: primeiro, porque subiste claramente de nível e, agora sim, chegaste ao patamar mínimo de educação exigido neste cantinho. Segundo, porque o teu comentário é uma pérola...

Apenas alguns comentários:

1. Sobre a tua decisão de votar no MPD, é um direito teu, meu caro! O direito à escolha é algo sagrado, estabelecido na nossa Constituição, direito esse para o qual estou disposto a lutar a teu lado, se necessário for! A intenção de publicar a minha "declaração de voto" não é para pedir que os leitores votem neste ou naquele partido mas para exortar ao voto consciente e racional. O acto de votar, pela sua enorme importância, não deve ser guiado por paixões cegas, impulsos de momento, razões exclusivamente pessoais (se o partido A promoveu-me ou não, se o partido B me deu isso ou aquilo, se um familiar meu foi prejudicado ou ajudado pelo chefe que é do partido C, e assim por diante). A decisão de votar deve ser precedido, na minha opinião, por uma avaliação objectiva dos candidatos com base num método (que pode até ser diferente do que eu utilizei no post), tendo como pano de fundo os interesses e as necessidades de CABO VERDE. That´s the point, brother...

2. Quanto às avaliações que fazes do PAICV, bem, compete a este partido se defender. E creio que têm gente melhor preparado do que eu para o fazer. Eu tenho uma opinião diferente (que não vou agora aqui fundamentar - está no post), mas respeito o teu ponto de vista.

3. Pareces ter um problema qualquer com os jovens que assumiram cargos de relevo aqui em Cabo Verde. Bem, este é um problema teu... Se num país onde 63% da população tem menos de 35 anos, não se acreditar na capacidade dos jovens para assumir posições relevantes... estamos tramados a médio prazo! Mas, como disse, isso é problema teu...

4. Sobre masturbações mentais (êta clichêzinho tão na moda...). Olha, prefiro mil vezes essas masturbações antes de fazer avaliações e tomar decisões importantes, do que ser um carneirinho cego guiado mais por paixão do que por racionalidade e que diz sempre Aqui d´el Rei!, por preguiça mental. Mas pronto!, cada um sabe qual o melhor processo que lhe convém...

5. Outro ponto, não gostaria de enveredar por esta via de pessoalização, mas sinto que tenho que o fazer por ora. Até para te fechar uma das portas das tuas críticas de modo a te estimular explorar outras, quiçá mais produtivas e que todos saiamos a ganhar, centradas efectivamente no conteúdo do que escrevi e não nas razões porquê o escrevi. Às referências que fazes sobre aprender a trabalhar (e às outras, mais insultuosas do teu comentário que não publiquei - lembras-te?) digo-te apenas que aos 29 anos deixei um emprego muito confortável na Shell, já com uma carreira sólida ali, para aceitar uma posição na IFH, onde o meu salário era bem menor do que o pacote que tinha na Shell. Isso para te dizer que o meu percurso e as minhas decisões profissionais são costuradas com outras linhas, meu caro. E mais não digo, porque não quero pessoalizar o debate, repito. Se quiseres saber mais, autorizo-te desde já a consultar os meus processos nas direcções de recursos humanos em todas as empresas por onde passei e pedir referências às pessoas ali, ok?

6. Por último, obrigado por compreender o não ter publicado os teus comentários anteriores. Aliás, devo dizer-te que em mais de 4 anos deste cantinho, os teus comentários foram os únicos a serem bloqueados - pelo baixo nível, obviamente... Mas és sempre bem vindo a este espaço, com ideias contrárias, com posições diferentes, seja o que fôr: desde que saibas chegar e estar, claro. Porque este é um cantinho de amizade, irmão...

Um abraço, volte sempre!

Anónimo disse...

Ó Paulino, sinceramente a tua declaração de voto só é novidade para quem não te conhece.
Com todo o respeito.

marisia noro disse...

Ola Paulino...

Por sugestão de um amigo,passei por cá para te ler, apesar de ser admiradora das crónicas em tempo publicavas ...

Parabéns pelo teu cantinho, é a tua carinha ( sempre sorridente!!)

A tua convicção em termos da tua preferência de voto é contagiante, no sentido de que , vais fazê-lo por convicção não por simpatia!!

Tudo de bom!!

Bitim disse...

Bem depois de ler todos eses comentarios, pode-se pensar que o tal do Anónimo e o Paulino têm alguma "rixa particular". Suponho eu. Porque se o problema é politica/voto, não há razão para tal.

Vamos debater sem provocações, sem palavras obscenas, sem criar inimizades, mas sim dentro de respeito, educação e amizade.

Nos dias de hoje, cada pessoa, cada cidadão é livre de pensar, de achar, de opinar. Se o Paulino acha que vai votar no PAICV, é a escolha dele e nada está mal nisso. Se o Anónimo é do MPD também é a sua escolha, em fim é a democracia.

Paulino Dias disse...

Alô Marisia,

Thanks pela visita e pelo coment. Volte sempre!

Alô Bitim,
Da minha parte não há rixa alguma - como é que se pode ter rixa com um anónimo?! Apenas quis esfriar a água e trazer o debate para o que realmente interessa, não mais.
De resto, tens toda a razão: trata-se de escolha pessoal...

Um abraço, thanks pela visita!

Anónimo disse...

Anónimo das 23:19 e das 23:27 ---

Não distorce as minhas palavras. NADA TENHO CONTRA QUEM É JOVEM E ASSUMIU PAPEL DE DESTAQUE. Isso até é bom para mim que também é jovem e portanto quer dizer que haverá possibilidades de jovens ter sucesso. AGORA o que ENJOA MESMO é :

1. Nuis é Professor de UniCV. Consultor de NOSI (consultor não sei em quê). Administrador da Imprensa Nacional. Presidente de Assembleia Municipal de S.Filipe. Presidente de mais não sei o quê. Administrador da Empresa COMPTA. Queres MAIS ? ACHAS ISSO NORMAL ? QUER DIZER NÃO TENS QUE ACHAR NADA NÃO É ?

2. Teu caso, com menos de 5 anos regressado do curso já eras Administrador de um dos maiores BANCOS de CAbo Verde. Dai Saltas para um das Maiores Imobiliárias de Cabo Verde. Dai dás un saltinho até Iscte fazes um Mestrado e já tens uma das maiores empresas de Cabo Verde (com pessoas fantástica como mesmo tu dzes) Parabéns pá ...

Anónimo disse...

Anónimo das 23:19 e das 23:27 ---

E para terminar queria dizer-te que não tenho nenhum ressentimento em relaçao ao teu sucesso. Olha ... FELICIDADES !
Na boa ... isso não vai virar agora uma guerra !

E que vence quem o povo achar que deve vencer !

A propósito compara a cara de Ze Maria de 2001 a a cara que ele tem agora. Consegues ver diferenças não é ? Sei que consegues. 2001 esperança, alegria, seriedade, delicadeza, força de espírito estampado no rosto. Em 2011 ... enfim ... enfim ...

Eça Monteiro disse...

Gostei muito
enbora vivo longe de Caboverde mas quero um Caboverde com Governantes capaz de acompanhar o desnvolvimento das nossas ilhas.
um abraço

Anónimo disse...

Gostei muito do texto ... Parabéns ... apesar de não votar em nenhum

Agora gostaria de fazer outro comentário: os cabo-verdianos não sabem discutir politica de forma saudável ... isso não são modos ... em todos os lugares que vou são só baixaria sem fundamento ... em vez de votarem porque X ou Y apresenta boas propostas ... ficam nessas picuinhas ...

"Não perguntes o que a tua pátria pode fazer por ti. Pergunta o que tu podes fazer por ela." JFK

ainda estão a tempo de ver as propostas po dia 6 ... força para os dois partidos

Francisco Livramento disse...

…caro amigo alguém que eu não conheço bem enviou-me a declaração de voto do Dr. Olavo Correia (imitação pálida da tua) e eu respondi (a todos claro está) agradecendo pela amabilidade mas dizendo a essa pessoa que eu já tinha lido a declaração de voto do Dr. Paulino Dias e que este tinha-me deixado mais convicto… desculpa-me lá ter citado o teu nome e utilizado a tua declaração de voto pois fiz um “cole paste” (pelos direitos do autor veremos depois)… bom força aí …. Podes dizer au valente anónimo que “quem cospe para cima…”
Abraço Tchiquito
Francisco Livramento

Estudante diáspora disse...

Caro Paulino Dias!
Antes de um amigo me ter recomendado a leitura da sua "reflexão" já tinha decidido votar a minha intenção de voto!
Confesso que é a 2a vez na minha vida (que não é assim tão longa, estou nas vésperas das minhas 25 primaveras) que oiço alguém a fundamentar a sua intenção de voto! Fiquei simplesmente encantado com o texto!
Em Cabo Verde falta-nos essa capacidade de análise, de desprender da tradição familiar.
Eu decidi que amanhã vou votar em branco (é a primeira vez que vou votar e não quero deixar de ter esse prazer).
Não acho que o Dr. Carlos Veiga seja uma alternativa viável para Cabo Verde, mas tb não acho que o PAICV (aqui refiro-me principalmente à comitiva do Senhor PM instalada no Governo) deva continuar no poder. Em relação aos partidos "mais pequenos", faltam-lhes amadurecimento político. Por isso por falta de opção, o meu voto é em branco.

Parabéns e Obrigada!
Estudante diáspora

Bey Brito disse...

E aqui está um Homem de pensar livre, não refém de quem quer que seja.
O sabor de tudo o que escreveste, Amigo, será sem dúvida, um dos melhores presentes que recebi nos últimos tempos, deixando-me mais atenta mais solidária às
circunstâncias de momento.
Aliás, nunca duvidei, que estava perante um Grande Homem, um Homem de valor, um Amigo,que me vem trazendo, mais experiência e amadurecimento.
Tudo de bom.
BEY@jocas de BEY@zinha

Anónimo disse...

E eis que não surprendes!!!

Como disera anteriormente a sua declaração de voto seria naturalmente no PAICV.

E mesmo que, como Nero, indenciassem a capital.

Não és um voto flutuante. És um amarelo, dos dentes às outras partes.

Mesti Muda meu rapaz. Só um fanático... não aceita.

Sabes o que me dá paz. Que o grande povo: as massas, aquele que tem acertado sempre, absolutamente: nunca lé esta monstruosidades fálicas que escrevem.

Anónimo disse...

O STJ admite a existência de algumas "irregularidades", concluindo, no entanto, que não põem em causa o processo eleitoral na sua globalidade...

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) de Cabo Verde rejeitou esta sexta-feira o pedido de impugnação das eleições legislativas de 22 de Janeiro último, apresentado pelo Movimento para a Democracia (MPD, maior partido da oposição), noticiou a Agência Lusa.

No acórdão em que delibera a "improcedência" do recurso que lhe foi submetido pelo MpD, o STJ admite a existência de algumas "irregularidades", concluindo, no entanto, que não põem em causa o processo eleitoral na sua globalidade.

As legislativas foram ganhas, com maioria absoluta, pelo Partido Africano da independência de Cabo Verde (PAICV), liderado por José Maria Neves.

O Acórdão a que a Agência Lusa teve acesso adianta que a análise das alegadas provas apresentadas pelo MpD para impugnar as eleições legislativas, permite concluir que, não obstante as irregularidades apontadas ao processo de recenseamento, não ficou demonstrado que as mesmas tivessem tido qualquer repercussão no processo de votação e, por conseguinte, nos resultados apurados nas diversas assembleias de voto e círculos eleitorais.

No documento, com 30 páginas, o STJ salienta o facto de o recorrente, o MpD, não ter avançado com reclamações nas respectivas mesas de voto, tendo optado pela impugnação a partir da decisão final da Assembleia Geral de Apuramento da Comissão Nacional de Eleições(CNE) No capítulo final do acórdão, o STJ é claro ao afirmar que, do que fica exposto "resulta que, apesar das irregularidades apontadas ao processo eleitoral, nomeadamente no tocante ao recenseamento, não está demonstrado que as mesmas tenham tido qualquer repercussão na votação e, muito menos, que tenham influenciado o resultados das eleições".

No entanto, Raul Querido Varela, um dos cinco juízes conselheiros do STJ, que se pronunciaram por unanimidade, fez uma declaração de voto, na qual refere que o Acórdão foi sujeito a mais de uma versão e numa delas era indicado que "o exame exaustivo da vasta documentação apresentada pelo recorrente confirma a existência de uma série de situações irregulares que uma fiscalização mais atenta poderia por certo ter evitado".

Um dos pontos mais salientes da contestação do MpD era a existência de dupla documentação exigida para votar.

O juiz que fez declaração de voto, acrescentou que se refere "concretamente à situação de pessoas em número não apurado com exactidão partilhando o mesmo número de documento de identificação, de pessoas com mais de um bilhete de identidade, as múltiplas inscrições, as inscrições no processamento, para além do prazo, a não limpeza dos cadernos de pessoas falecidas (Ó) sendo certo que estas irregularidades estão patentes no recenseamento".

Raul Varela indica ainda que "o projecto foi reformulado (Ó) e as certezas transformam-se em dúvidas e a confirmação em sugestão".

"Para mim obviamente a primeira versão factual é a que corresponde à verdade porque baseado no exame exaustivo da vasta documentação apresentada como prova. A inflexão da vigésima quarta hora não me convence", disse o magistrado.

A concluir, o juiz esclareceu que "estando os dois maiores partidos - PAICV e MpD - separados por 14.000 votos, tendo vencido um deles tanto na diáspora como no país onde, apesar de tudo, as eleições têm algum controlo, não se vê que a repetição das eleições dentro de oito dias possa alterar o quadro parlamentar".

"Por isso e não obstante concordar com o projecto inicial no sentido de que o Registo Eleitoral não é credível, voto no sentido de não se repetirem as eleições legislativas sem prejuízo de reconhecer que o processo foi opaco e suspeito", concluiu.

Anónimo disse...

Hoje, dia de reflexão, dizem (não me façam rir), é tempo de Te dizer que entendo, aplaudo e subscrevo a análise que levou à tua decisão. Que se vote, e assim se celebre mais uma vez a democracia. Pena que falte entusiasmo, meios, energia e disponibilidade para outras lutas e outras caminhadas de fundo, de que este Blogue (e mais 3 ou 4) é bom exemplo. Que se vote. Depois é tempo de retomarmos com a necessária tranquilidade as questões pendentes, as pontas soltas que a campanha deixou por aí espalhadas, e que os teus últimos Post's são um bom exemplo. Lembras-te do meu mail? Eu avisei. Basta comparar a "votação" de comment's para os desafios que lançaste em Post's anteriores com os que entraram a propósito da tua escolha. Sinceramente, nunca me pareceu que tempo de campanha fosse tempo de debate de coisa nenhuma, muito menos de ideias. Confirma-se! Voltemos então ao debate. Ganhe quem ganhar. Estou ansioso. Aí sim é que vamos ver quem é que quer mesmo PENSAR, DEBATER, PARTICIPAR na vida cabo-verdiana. As questões continuam aí nos teus Post's (e em mais alguns) por responder. Porque será Paulino? Porque será? Onde andou toda esta gente todo este tempo? Não viram os teus desafios? Não repararam? Pois é, fim de festa finalmente. Voltemos ao trabalho. Aguardarei na esquina do próximo Post ou mail.
Até já!
BFSemana
Gr e fraterno AB

Anónimo disse...

Caríssimo
O comentário anterior era meu. Sorry pelo lapso.
ZCunha

Paulino Dias disse...

Alô pessoal,

Obrigado pelas visitas e pelos comentários! Aproveito para desejar a todos um bom exercício de cidadania amanhã dia 06. Com paz, amizade e amor, dizia...

Aproveito para pedir desculpas à leitora "Elsa", eliminei acidentalmente o comentário dela e não consegui recuperar. Sorry...!

ZCunha,
Thanks pelas palavras. Como sempre, acertaste na mosca... Mas estaremos sempre aqui a lançar desafios, a fazer perguntas eh eh eh...

Bom fim de semana,

Paulino