Teu rosto também é um recanto da minha ilha, meu velho Jota. Oásis da tal tranquilidade que só as vicissitudes de uma vida intensa podem conceder, e, muitas vezes - confesso! - porto de abrigo às minhas angústias de quase-poeta a vaguearem pelas ruas da cidade. Haverá sempre um verso escondido nas rugas do teu rosto. Haverá sempre uma paz para se colher na quietude de uma tarde a pairar sobre o povoado, enquanto no terraço me contas aventuras d´Angola ou a dor de ver homens-esqueletos a chegarem dos campos do Norte na fome de 47. Sem poder fazer nada, dizias-me.
É, sim senhor, um recanto da minha ilha, as rugas do teu rosto, Junzim d´Polina - meu pai...
("Rostos da minha ilha" - foto de PD)
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2 comentários:
Há muito que um texto não calava fundo nos meus pensamentos. Este teu texto, Paulino, alenta-me a acreditar que ainda há pessoas que olham para valores e atitudes, e não para gravatas.
Mantenhas
Alô Alvaro,
Muito obrigado pela visita e pelo comentário. Este rosto, acredita-me, ainda continua a transmitir-me valores todas as vezes que vou à ilha...
Um abraço,
Paulino
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