Caminhamos outra vez no passado domingo, dia 30 de Março, Kaká. Caminhamos, para descobrir, para exercitar, para sorrir, para confraternizar, caminhamos para também seguir este nosso destino secular que a ânsia de busca cristalizou na sola dos nossos pés crioulos.
Caminhamos, Kaká. Assim sem fronteiras, sem discursos, sem o tic-tac do relógio sobre nossos crânios, sem contas de luz sem luz, e prestações no banco da esquina, sem trânsito em horas de ponta, sem asfaltos a invadirem a epiderme da cidade e a historia, sem caçu bodi nos nervos urbanos em alerta, sem cartazes impúdicos a violentarem a menina dos nossos olhos, sem a letargia das filas na repartição da outra rua.
Caminhamos por Serra Malagueta, Kaká. Por entre o verde, a vereda, o sorriso, a gargalhada, a vista de tirar o fôlego, o grogue inesperado no final da trilha, a feijoada na Cozinha da Avó, o violão e a poesia. Caminhamos por entre os braços escancarados do Tchico a querer abraçar a ilha de Santiago, o silêncio que nos ficou entre o nevoeiro e o pó, e o silêncio da nossa companheira ali no miradouro a apreciar os vales que se alongam desesperados em direcção ao mar.
Caminhamos, Kaká, porque sim. Porque nos impele o poema, nos excita a brisa fresca pela manhã da ilha, nos enleva o riso e a estória, nos transporta o acorde até o outro lado do mar. Continuaremos a caminhar, Kaká. Continuaremos à tua espera, brother. Com o teu violão, o teu olhar e o teu poema. Continuaremos à tua espera…
(Fotos de Paulino Dias)
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