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domingo, 6 de abril de 2008

Crónica da Serra...

Caminhamos outra vez no passado domingo, dia 30 de Março, Kaká. Caminhamos, para descobrir, para exercitar, para sorrir, para confraternizar, caminhamos para também seguir este nosso destino secular que a ânsia de busca cristalizou na sola dos nossos pés crioulos.


Caminhamos, Kaká. Assim sem fronteiras, sem discursos, sem o tic-tac do relógio sobre nossos crânios, sem contas de luz sem luz, e prestações no banco da esquina, sem trânsito em horas de ponta, sem asfaltos a invadirem a epiderme da cidade e a historia, sem caçu bodi nos nervos urbanos em alerta, sem cartazes impúdicos a violentarem a menina dos nossos olhos, sem a letargia das filas na repartição da outra rua.


Caminhamos por Serra Malagueta, Kaká. Por entre o verde, a vereda, o sorriso, a gargalhada, a vista de tirar o fôlego, o grogue inesperado no final da trilha, a feijoada na Cozinha da Avó, o violão e a poesia. Caminhamos por entre os braços escancarados do Tchico a querer abraçar a ilha de Santiago, o silêncio que nos ficou entre o nevoeiro e o pó, e o silêncio da nossa companheira ali no miradouro a apreciar os vales que se alongam desesperados em direcção ao mar.


Caminhamos, Kaká, porque sim. Porque nos impele o poema, nos excita a brisa fresca pela manhã da ilha, nos enleva o riso e a estória, nos transporta o acorde até o outro lado do mar. Continuaremos a caminhar, Kaká. Continuaremos à tua espera, brother. Com o teu violão, o teu olhar e o teu poema. Continuaremos à tua espera…







(Fotos de Paulino Dias)

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