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domingo, 23 de janeiro de 2011

Equidistância

Tenho andado um pouco afastado dos debates políticos que agora vicejam nas páginas do facebook, em cada esquina, em cada rua, cutelo e vale destas ilhas, em cada mesa de bar. Não porque acho desnecessário - pelo contrário! -, nem tão pouco por não me querer envolver no processo ou assumir posições (tipo assim estar em cima do muro a ver para onde sopra o vento...). O debate de ideias - de ideias, note-se bem!, não de insultos e baixarias - é de extrema importância para a consolidação da democracia, especialmente em momentos como este que estamos a viver. Sempre fui uma pessoa de convicções, de assumir posições claras e inequívocas, publicamente ou em meras rodas de amigos, e procurei sempre agir em conformidade com as minhas convicções e os meus pontos de vista. Mas tendo sempre o cuidado de ouvir e respeitar as posições e os argumentos dos outros - esta, a essência da verdadeira democracia enquanto atitude e comportamento.

O meu distanciamento é propositado e consciente. Permite-me avaliar - com a frieza e objectividade que a distância confere em situações do tipo - as opções disponíveis, as mensagens transmitidas, os valores, atitudes e competências das pessoas que almejam conquistar o meu voto. Tinha publicado aqui neste cantinho os "termos de referência" para o concurso ao meu voto. Tenho lido os documentos relacionados com a plataforma eleitoral dos concorrentes. Assisti aos debates na RTC e tenho procurado ler os comentários e outras informações relevantes na internet. Mas, acima de tudo, tenho acompanhado atentamente nos últimos anos - e registado! - o comportamento de cada um dos partidos concorrentes, de cada um dos seus líderes e da maior parte dos candidatos a deputados e deputadas. Sim senhor, porque a minha opinião não é formada em 15 dias de campanha, meus caros. É preciso muito mais do que isso...

Dito isto, minha posição está a cristalizar-se. Os prós e os contras estão a ser colocados na balança, sob a perspectiva do meu próprio sistema de valores (que influencia naturalmente as decisões que tomo enquanto ser social), mas também da minha percepção das necessidades do país neste momento histórico. Esta semana, portanto, publicarei aqui no meu blog o meu "julgamento". O meu sentido de voto. Com a frieza e objectividade que esta distância me permite. Porque sou um gajo de assumir posições, dizia...

(De resto, minha preta, são teus dedos macios a passearem ternamente no meu rosto cansado ao cair da noite, com Vinicius de Moraes a sussurrar para lá dos silêncios gostosamente construídos. Porque é preciso também amar nestes dias, caramba! Lá fora desfila o cortejo em fanfarra, à margem da poesia necessária para o Homem destas ilhas...)

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7 comentários:

Paulino Dias disse...

Pequena nota aos navegantes:

Escusam-se os anónimos (ou anónimas) de virem cá perder o seu tempo replicando seus discursos sanguinários cheirando a fel e pupú por trás da covarde capa de anonimato... Aqui é espaço de leveza & poesia. Elevação de ideias e de postura. Respeito ao outro.

Posições contrárias às minhas? Que venham! Estamos em democracia, afinal. Idéias diferentes? Óptimo!, sairemos todos a ganhar, mais ricos, mais diversificados, com mais perspectivas. Outras cores, outros versos, outras músicas que não as minhas? Está no direito de cada um. Incluindo no meu.

Mas que venham com elevação e paz de espírito, people. Parafraseando Osvaldo Alcântara,

"Eu estarei de mãos postas, à espera do tesouro que me vem na onda do mar...
A minha principal certeza é o chão em que se amachucam os meus joelhos doloridos,
mas todos os que vierem me encontrarão agitando a minha lanterna de todas as cores
na linha de todas as batalhas.".

Abraços a todos, com muita paz e amizade, que este tempo também é de amor & poesia, caramba...

Álvaro Ludgero Andrade disse...

Será que as tuas amigas da Quebra Canela, Ligia e Magui, não te convencem????? mantenhas

Ivan Santos disse...

Como sempre perspicaz Paulino!!
Gostei do post principalmente na parte onde dizes que a tua opinião não se forma em 15 dias de campanha...!!assino em baixo, existem várias pessoas que se aproveitam deste cenário de pura batalha campal para fazer o que eles denominam de politica, e esquecem-se que existem tantas outras que fazem politica diariamente, com seriedade, sem olhar para cores partidárias...e mais não digo!

abraço, aguardo com ansiedade o teu novo post!

Paulino Dias disse...

Alô Alvaro,

Já está acertado com as duas uma tarde de moreia frita na Cidade Velha no final de semana seguinte às eleições: quem perder, paga! rssssss. Como "quebracanelense" de carteirinha, estás também convidado desde já!

Caro Ivan,

Thanks pela visita e pelo coment. O post vem já já...

Um abraço,
Paulino

Bitim disse...

Paulino Dias, só para antecipar o teu “julgamento”, deixo aqui a título de opinião própria e a um estilo futebolístico, o seguinte:

As eleições de 6 de Fevereiro vão ser uma espécie de desempate entre o MPD e PAICV. Isto é, o jogo está empatado 2 a 2, duas legislaturas cada um, e agora vão ter de desempatar.

Ora bem, o PAICV tem uma boa vantagem porque joga em casa, ou seja está no poder, tem as rédeas nas mãos, é dono do campo e porventura pode até corromper a arbitragem se quiser.

O MPD por seu lado, como equipa visitante, terá que evidenciar um esforço redobrado e maior para ganhar o jogo, se realmente querem triunfar.

Normalmente no futebol, quando duas equipas fortes se encontram, aquela que joga fora tem tendência a apoiar mais a defesa e explorar os contra-ataques e lances de bola-parada, enquanto a equipa da casa parta directamente para o ataque.
Neste aspecto para o MPD será importante os valores individuais (jogadores/lideres) tais como Messi, Cristiano Ronaldo, etc., que podem desequilibrar a defesa do PAICV a qualquer momento, marcar golos e ganhar o jogo.

Entretanto para o PAICV, o importante é manter a posse de bola (ball possession), manter a equipa coesa em campo, para assim poder anular os tais valores individuais e iniciativas adversárias.

No etanto para o azar do PAICV, houve uma baixa de ultima hora. O famoso e excelente atacante Manuel Inocencius não poderá jogar porque foi transferido e assinou para outro clube, deixando o flanco esquerdo da equipa (região norte – SV/SA) mais fraco.
Do lado do MPD também há baixas, mas por lesão e castigo. Sabe-se que o Di Agostino Lopez foi castigado e não vai jogar, e a Isaora Gomis está lesionada. Mas como a equipa foi alvo de recentes contratações, então para cobrir o flanco esquerdo tem como opção o Jorgius Santós. Sabe-se que o Jorgius Santós iniciou a sua carreira futebolística precisamente jogando no flanco esquerdo num clube de distrito (GIRG-SA), já representou a equipa do PAICV em épocas anteriores, mas depois da contratação pelo MPD tem jogado ultimamente no centro do terrento (Praia/ex. Presidente MPD), e por isso os adeptos duvidam se ele vai conseguir impor nesta zona.

Bom, Paulino de brincadeira já chega. Sabemos que no futebo há muita ironia e na politica há muita utopia, mas nós os adeptos/eleitores somos mais realistas, conhecemos bem as coisas, em fim conhecemos a verdade.

Alberto Silva

Paulino Dias disse...

Alô Bitim,

Thanks pela visita e pelo tão criativo comment! Excelente, esta tua comparação!!!!!

Um abraço,
Paulino

Pauleth disse...

Começo por falecitar pelo texto produzido, do modo como tratas essa questão que está a "tormentar" o país neste momento rsrs..
Digo que partilho a tua opinião, não tenho cor politica mas estou e JMN nas próximas eleições, por várias das razões já apontadas no teu texto.

Espero que tudo continua a correr na normalidade ate o dia 6, para que cada um possa exercer o seu direito de voto, na paz e serenidade :)

Abraço