Entre o azul e o branco, há o olhar. E o sorriso. O cordão que enfeita no peito-menina da Keila o coração de terra batida e páia tinguinha. E por detrás, a casa inacabada onde os blocos acenam ao mundo a metafísica dos discursos. Dá-me ganas de bradar contraste. E, no entanto, fico em silêncio, amarro-me ao poema inútil que agora escrevo à meia dúzia dos meus leitores.
Ecoa-me ainda pelos tímpanos a canção e o hino daquela tarde em Junho. Era Junho, lembro-me bem. “Canta, irmão, canta meu irmão!”. E na curvatura do vale, por momentos a liberdade foi hino e o homem a certeza nas encostas de Coculi, Boca de Coruja e Boca de Ambas as Ribeiras. As vozes infantis bradando às vozes de barba e cabelos crespos, falta de chuva e contas por pagar, para que com dignidade enterrem a semente no pó da ilha nua. “Canta, irmão, canta meeeeeeeu irmão!”.
("Essencia" - foto de Paulino Dias)
6 comentários:
Pois é. Aproxima-se o dia das Crianças - As flores da nossa Revolução (como dizía-se no desfile do 1 de junho) -. "Sim Paulino, ensina-nos a verdadeira essência da liberdade, da alegria, mostre-nos o caminho na luta pela sobrevivência, na busca dos nossos ideais, na recuperação das memórias do passado, explique-nos porque é que os Franceses trouxeram-nos a contradança e a desprezamos como algo a preservar, porquê ..."
Abraço!
Alô, Val,
Thanks pela visita e pelas palavras.
Um abraço,
Paulino
Gostei da melodia das tuas palavras que ecoa no vale da alma...
Obrigado pela visita, Moreia!
Deixe-as ecoar, as palavras...
Abraço,
Paulino
bradà nhar'mon,brada!!!
Hiena,
Brado, sim... obiiikueeeeeeellluuuuuuu!
Um abraço, broda.
Paulino
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