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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

A esfinge da minha ilha

Guarda-nos a ilha a esfinge milenar em pose de guerreira ali na boca de Ribeira das Pombas. Guarda-nos o mar que nos protege a vertigem das ilusões quase perdidas, guarda-nos o sonho e a tentação de verde pelas encostas, protege-nos o violão e a gargalhada de meninos da ilha, dos canhões d´El-Rei que teimam em bordejar o Farol de Boi na Pontinha de Janela a caminho das nossas almas irrequietas de além-mar.
.
Nas colinas do tempo sobre o dorso da esfinge ficaram as estórias por contar, as naus de achamento com seus capitães donatários, de ouro, prata e sangue negro na retina dos olhos escancarados de outro mundo, as fomes de 40 nas veredeas do Norte com a proa em direcção às ribeiras do outro lado, os palhabotes de velas enfunadas fugindo das enseadas famintas da ilha para os mares do Sul e suas roças de cacau, com os braços esqueléticos do meu pai mais meu Tio Pedro a tiracolo. E as estórias de tambor acariciando a pele da esfinge, num colá Santo António que ressoa pela tarde morna do vale que se adivinha.

(Foto de Paulino Dias)



3 comentários:

Anónimo disse...

Esfinge

Decifra meu enigma
e toda a verdade,
toda a essência
por trás do verso.

Segue pela trilha do meu corpo
e revela a paisagem escondida.
Repousa sem tédio no meu abraço.
Implora pelo princípio e fim
de cada ato.

Descobre o segredo que habita
onde me esquivo,
onde a pergunta é só disfarce,
reverso.

Se me escondo,
é para devorar melhor.

de Solange Firmino

CN disse...

Nunca fui à tua ilha. Mas sei que irei gostar dessa terra, pelo menos tanto como gosto de Santiago, da Boavista, de São Vicente ou do Sal (que, por acaso, é a de que gosto menos).
Um abraço.

pura eu disse...

Paulino, aprecio muito a relação umbilical que manténs com a tua magnífica ilha.