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quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

As palavras que nunca direi...

Era suposto eu te escrever um poema de amor nesta noite de lua cheia... Um poema daqueles em redondilha maior versos decassílabos rimas cruzadas, as palavras e os versos embalando a emoção de sentir-te gostosamente minha, de sentir-te em meus lábios, em minhas mãos, na ponta dos meus dedos sobre teu corpo, no olhar que te envolve e te acaricia ao de leve enquanto caminhas a meu lado pelas ruas da cidade.

Era para eu te dizer num poema o eco da minha alma batendo descompassado dentro do peito sempre que te vejo ou te pressinto, era para te escrever sobre a saudade que me embala na tua ausência e deixa nos meus lábios um desejo incontido de sussurar teu nome no silêncio do meu quarto, era para te dedicar o mais belo e inspirado dos meus íntimos sonetos – daqueles que nos embalam na solidão das madrugadas insones –, rimar teu nome com a alegria (de te ver), a dor fria (de te sentir de manhã no outro lado da rua), e a doce magia (de ter o teu rosto pousado delicadamente no meu ombro esquerdo). Era para te dizer em ditongos bem conseguidos a felicidade que me transborda por querer-te tanto – primeiro em silêncio, depois anónimo, de seguida em sessenta e três mensagens de telemóvel antes que me fechassem os olhos o sono e os sonhos, e por fim ali a teu lado, dentro do carro, o gesto e a voz tímida de te dizer meio sem jeito ‘m ta gostá d’bô...

Em vez disso, vou ficar em silêncio, apenas em silêncio a teu lado, a lua-madrinha a acariciar a ponta dos meus e teus cabelos. Vou abraçar-te em silêncio, pousar os meus lábios nos teus num beijo silencioso - como um poema -, passear a ponta dos meus dedos na tua pele no teu rosto no teu corpo assim poesia, vou amar-te no tal silêncio cumplice dos apaixonados em noites de lua cheia...
(Foto de Paulino Dias - dsempérin na Ponta do Sol)

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