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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Assim, em jeito de intimidades...


Hoje, deu-me para partilhar segredos. Contigo, naturalmente. Afinal, mas quem disse que o amor deve ser um segredo??! É assim: faz hoje mais ou menos um ano, que na varanda de um hotel algures, escreveu desta forma, um moço dessas ilhas - para ti:

"Bb, achei muito linda esta crónica. Senti saudades de ficar ali vendo vc acordar todos os dias, os teus olhinhos abrindo-se lentamente que mais parecem um poema que se descobre com suavidade dia após dia... Eu te adoro. Agora, nesta distância de dias, neste rumor de solidão que me aperta cada vez que acordo e não te encontro a meu lado, nesta folha em branco onde deveria ter escrito o poema, sinto cada vez mais que eu te adoro. Assim, com doçura, com a suavidade de uma aragem que nos acaricia a pele do rosto numa tarde morna de Fajã ou na varanda de Nho Ménel de Altomira. Eu te adoro... Não assim esta paixão louca que vem e que vai num ai antes que se volte a encher a taça de vinho. Não assim esta coisa indomável de uma noite de sexo, suor, gritos, gemidos e o adeus na madrugada. Não assim um poema artificialmente construido, a nota de violão pré-definida, o sorriso treinado mil vezes ao espelho. A minha adoração por ti é algo subtil e verdadeiro como um poema inesperado, tem a magia e a tranquilidade de um sorriso teu quando me esperas depois do trabalho. É algo amigo, doce, companheiro, ombro, mãos que me percorrem o corpo e tranquilizam angústias, abraço que me alimenta os mil sonhos com que enfeito os dias. Hoje, daqui da varanda de um hotel em Dacar, distante de ti, perto de ti, só queria te abraçar de mansinho e te dizer bem devagar no teu ouvido: bo cre casà ma mi? Quero te ver a acordar, assim bela, todos os dias restantes da minha vida..."


(Foto de PD)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Entre cânticos celestiais e a porra de um mosquito...


QUEM FOI QUE AUTORIZOU UMA IGREJA QUALQUER A VIR CÁ ENTOAR-ME ESTA MÚSICA EM ALTOS BRADOS MESMO AQUI AO LADO, NA ESQUINA DO MEU PRÉDIO, NA PRAÇA PALMAREJO???! EM PLENA TERÇA-FEIRA ÀS 19H39MN, ENQUANTO PROCURO DESCANSAR DE UM DIA LONGO, CARAMBA???!

QUEM FOI QUE LHES DISSO QUE - TAMBÉM EU, AGNÓSTICO ASSUMIDO! - ESTOU INTERESSADO EM IR AO REINO DOS CÉUS ATRAVÉS DESTA BARULHEIRA TODA???? RESPEITEM TAMBÉM A MINHA NÃO-RELIGIÃO COMO RESPEITO A VOSSA, CHIÇA!!!

E depois vem um Polícia muito zeloso lascar-me uma multa de dez mil paus por ter estacionado o carro à frente do meu prédio... HAJA COERÊNCIA, PORRAAAA!!!!!!



(Foto "coimada" a partir daqui)

A voz dos outros



"(...) Em relação aos gestores públicos, pessoalmente tenho algumas reservas, parece-me que da experiência que vivi até agora não temos sabido formar ou mesmo seleccionar adequadamente as pessoas que exercem essas funções a nível das instituições públicas. De um modo geral são pessoas um pouco avessas ao correcto exercício da autoridade e à assumpção do risco. Há também o problema de autonomia: para não terem problemas com potenciais interessados quase que canalizam o processo decisório para níveis de hierarquias superiores, mormente a nível do Governo ou então de outras entidades públicas. Falta, portanto, aos gestores públicos essa característica importante, que é ser auto-confiante, ser determinado, que é exercer a autoridade quando tiver de fazer isso e assumir o risco e as responsabilidades de que esta investido. Também conheço e já tive oportunidade de trabalhar com bons gestores públicos aos quais não se aplica a caracterização que acabei de fazer. Mas infelizmente não são a maioria.(...)"

Extracto da entrevista concedida pelo ex-Ministro das Finanças, JOÃO SERRA, ao blog "Por dentro das organizações". Leia na íntegra a entrevista aqui. A não perder...!


(Foto - "Ponto de vista", de PD)

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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Como o tempo voa...!

Inda ontem o choro (de alegria) e a explosão de afecto quando te soube a caminho. Foi ali numa curva da estrada de Ribeira da Torre quando recebi a boa nova, lembro-me bem... Inda ontem a angústia da longa espera, a inquietação de te saber rapaz ou menina, o orgulho exibicionista de me dizer quase-pai já, e também o tiquinho de medo que me assaltava de quando em vez, confesso-te. Pela responsabilidade, naturalmente.

Inda ontem o telefone na cabeceira a dizer-me às 06h da manhã que estavas pra nascer ali no Hospital de Ribeira Grande. Inda ontem o nervosismo - o medo, outra vez, caramba! -, o primeiro choro, o primeiro banho, o primeiro arroto, o primeiro pupú na minha camisa que exibi ali nas ruas de Povoação como um moço doido. Os primeiros passos, a primeira queda do baloiço (ali em Ponta do Sol, lembras-te?), o primeiro tropeço, a primeira angústia - e desespero! - por te saber distante numa cama de hospital com a tua primeira febre...

Inda ontem as primeiras letras, a primeira carta que me escreveste - e que trago comigo ainda na carteira como o melhor dos meus tesouros! -, os primeiros livros sobre a tua mesinha de cabeceira. Inda ontem...

E agora, minha princesinha, assim quase que de repente, descubro-te assim:

Como o tempo voa...!


("Patrícia" - foto de PD)

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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Empresa mais admirada

Pessoal,

Não deixem de votar aqui. Faltam apenas 4 dias.

Um favor: divulguem esta votação, é uma forma de contribuirmos para aumentar a competição entre as empresas nos diversos sectores em Cabo Verde - ganha assim o consumidor!

Passem a palavra entre os vossos contactos e nos vossos blogs - contamos convosco.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Outros verbos

Há, evidentemente, outros verbos que me interpelam. Outras luzes que me captam o olhar, outras dimensões do sentir a forma e o espaço. Há algures uma outra inquietação, sim senhor: insignificante, talvez, intimista sobretudo, mas prenhe desta coisa magnífica e silenciosa que nos desconstrói o tempo que teimamos em ver desfilar no outro lado da janela. Que nos faz regressar à Génesis 1:26 - em câmera lenta, só para nos saborear o espanto, diria até! - à redescoberta do motivo original do sermos e de estarmos. Assobio então Chico Buarque às 10:50 de uma manhã qualquer...



("Formas & luz" - foto de PD)

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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Uma provocação chamada...Olavo de Nha Daluz


Diz-nos assim o Olavo, numa crónica deliciosíssima publicada aqui no seu blog:

"É vital e urgente protagonizarmos, nos níveis individual e colectivo, uma reflexão profunda, verdadeira e ética que nos permita finalmente dividir o respeito humano e o mérito numa perspectiva radicalmente oposta. Retirar nossos joelhos doridos desse chão nojento em nos encontramos prostrados diante de falsas deidades e erradicar essa maldita ideologia que é utilizada como instrumento de alienação e de dominação. Essa é uma das trilhas da independência…aquela que ainda não começou." (ler o texto completo aqui).

Nem sempre concordo com o Olavo, e costumamos ter já acesos debates sobre os mais variados assuntos. Mas o Olavo é daquelas pessoas que inevitavelmente nos faz crescer bons centímetros de conhecimento a cada debate. Pela sua maestria analítica, sua visão holística e intrinsecamente "humana" do universo, pela beleza do verbo, pela tranquilidade das palavras, pela provocação, pelas outras perspectivas, pela poesia. Olavo é um poeta. Melhor: um artista completo na verdadeira acepção da palavra - sem que tenha a mínima pretensão de o ser. E aqui reside, se calhar, um dos seus traços mais salientes - a humildade.

Não concordo com tudo o que escreveste neste post, compadre. Mas um obrigado sincero por me levar a reflectir numa outra perspectiva... Fica desde já marcada a conversa este final de semana eh eh eh!


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A minha imagem...

... para os 35 anos da nossa independência é esta:



Qual é a tua?


("Entretempos" - foto de PD)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ainda sobre a "marca Cabo Verde"

Pela importância da matéria e pela necessidade de ser muito bem discutida, publico aqui um comentário (com pequenas adaptações) que escrevi no blog Café Margoso:

"Confesso que resisti bastante a tecer qualquer comentário sobre este assunto. Primeiro, por uma questão de ética profissional (estive bastante envolvido na elaboração do Plano Estratégico do Turismo) e segundo porque desde o início discordei da forma escolhida para se construir a "marca" Cabo Verde - já vou explicar porquê - e não queria ser, por isso, mal interpretado.

Mas o meu dever de cidadão está a falar mais alto. Para dizer que também eu não me identifiquei - enquanto caboverdeano - com este logotipo. E o alerta feito pelo Ivan Santos torna o assunto ainda mais delicado...

Não se trata de uma questão de estética - que nesta área confesso a minha ignorância quase total. Mas estamos a falar de marketing. De construir uma marca que deve(ria) espelhar e reflectir um conjunto de valores, atitudes e atributos facilmente perceptíveis para o observador, e que claramente diferencia o objecto que representa (Cabo Verde) dos demais. Que o identifica, que o torna único, que diga de imediato qual o seu conteúdo, qual a sua "promessa". Uma marca é uma promessa que se faz. A "marca" é, portanto, algo muito mais profundo do que apenas o seu significado estético.

Dito isto, o que me evoca este logotipo? Vamos imaginar que alguém desembarca de Marte e de imediato é-lhe apresentado este logo. O que irá pensar? É um atelier de pintura? Jardim infantil? Marca de tinta concorrente da SITA?? Ou uma extensão do Algarve turístico???

Sobre a semelhança com o logo do Algarve Turístico. Isso é gravíssimo quando falamos de algo tão importante como a marca de um Cabo Verde turístico: em vez de uma marca que nos diferencia em relação aos concorrentes, criamos uma que nos faz parecer... semelhantes! Daqui a pouco algum inglês ou alemão vai estar a pensar que Cabo Verde é uma extensão do Algarve... Uma ironia da história, agora que celebramos 35 anos de independência!

Não concordei com a forma como a criação da marca decorreu (com todo o respeito que tenho naturalmente pelas pessoas que se esforçaram e participaram, e deram o seu contributo). Primeiro, porque a criação de uma marca - seja de um país, de uma empresa ou de um grogue de Sintanton... - é tão importante que requer conhecimentos técnicos especializados (não apenas de design/arquitectura mas também de marketing, comunicação, psicologia, sociologia, antropologia). Requer um conjunto de ferramentas analíticas (para se perceber as expectativas do público que se quer atingir e a forma como este se relaciona com o tempo e o espaço, bem como as estratégias dos concorrentes), requer pensamento estratégico e capacidade criativa, requer visão holística e universal. Penso, mais uma vez com todo o respeito, que é difícil encontrar todas essas qualidades em apenas um concorrente. É por isso que hoje existem empresas especializadas em design e marketing e em criação de identidades corporativas! Pela importância do assunto, seria mais recomendável que se lançasse então um concurso para escolha de uma empresa especializada no assunto!

Em segundo lugar, o concurso era limitado, se não estou em erro, apenas a cidadãos nacionais. E aqui um "vício de origem": o criador da marca é diferente do potencial/futuro consumidor da mesma - e não creio que tenha havido um estudo prévio para identificar as expectativas deste consumidor (ou, se houve, será que foi distribuído aos concorrentes?). Dito de outra forma - o criador muitas vezes transpõe para a criação a sua própria expectativa, as suas próprias necessidades, as suas próprias percepções da realidade existente/desejada. Mas na criação de uma marca, o objectivo é o contrário - visa transpôr para a marca uma percepção de atributos que se promete para satisfazer as expectativas do outro, do consumidor (que neste caso é o turista).

É urgente criarmos por aqui uma cultura de descer mais ao fundo na formulação de soluções para este país. Menos superficialidade, por favor. Os erros nesta área costumam ser muito custosos e difíceis de reparar!!!"

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